5 de novembro de 2021 8:29 por Mácleim Carneiro
Dando continuidade à escrita das minhas lembranças sobre o Projeto Alagoas de Corpo e Alma, no escrito da semana passada determinados aspectos positivos do projeto não foram devidamente abordados. Propositadamente, foquei apenas na minha área de atuação no projeto. Meu objetivo foi fazer uma avaliação crítica-construtiva, apesar do tempo já pretérito.
Tenho a consciência tranquila de que fiz a minha parte, atuando como artista e expondo abertamente a minha opinião, baseada única e exclusivamente nos fatos ocorridos, com os quais embasei meus comentários e posicionamentos. Porém, o meu objetivo, ao voltar ao tema Projeto Alagoas de Corpo e Alma, até por uma questão de reconhecimento do mérito, é externar o meu entendimento da magnitude daquele projeto.
Pela primeira vez, na história recente de Alagoas, tivemos a rara oportunidade de ver um governo que, as vezes timidamente e outras vezes não, dedicou atenção à nossa produção cultural, seus equipamentos arquitetônicos e veículos de divulgação. Isso, sem dúvida, foi um avanço estimulante, considerando-se a cegueira de outrora e o que tivemos pós governo Ronaldo Lessa. A simples mudança de atitude já mostrava ser capaz de refletir, beneficamente, até na própria autoestima dos artistas, que viviam e produziam aqui no aquário.
Planejamento e Essência
Avaliar, erroneamente, o Projeto Alagoas de Corpo e Alma, como desperdício de dinheiro público, seria uma clara demonstração de total ignorância das inúmeras possibilidades de retornos positivos, que só os investimentos em projetos culturais são capazes de gerar. No caso específico, o governo de Alagoas, à época, em sintonia com os conceitos modernos que regiam o mercado, foi em busca de parcerias, para captação de recursos e obteve da Petrobrás o aporte financeiro capaz de viabilizar o Alagoas de Corpo e Alma, versão Rio de Janeiro.
Particularmente, não consigo planejar com eficácia nem mesmo a minha lista de compras no supermercado, mas sei que um bom planejamento, capaz de encaixar cada coisa em seu respectivo lugar, produz resultados positivos. Principalmente, se tratando de expressões artísticas. Foi assim na apresentação do Canecão (artistas certos, no palco certo), foi assim no teatro Glauce Rocha, com o espetáculo. ‘O Acendedor de Estrelas’ que, ao final, o público aplaudiu de pé por longos minutos, aos gritos de bravo!
Pois foi assim que Mundaú lambeu o Rio de Janeiro e cumpriu sua missão! A essência do Projeto Alagoas de Corpo e Alma era forte. No entanto, não invalidava o fato de ter sido necessário humildade, para que pudéssemos avaliar melhor a própria alma e possibilitarmos o fortalecimento do corpo, ou vice-versa.