quinta-feira 21 de novembro de 2024

A mão de Deus (2021)

23 de dezembro de 2021 9:54 por Adriano Zumba

4.5 estrelas

Título original: È stata la mano di Dio

Título em inglês: The hand of God

Países: Itália, Estados Unidos

Duração: 2 h e 10 min

Gêneros: Comédia, drama

Elenco principal: Filippo Scotti, Toni Servillo, Teresa Saponangelo

Diretor: Paolo Sorrentino

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt12680684/


Citações:

  • Fantasia e criatividade são mitos que não servem para nada.
  • Não gosto mais da realidade. A realidade é terrível. Por isso quero fazer filmes…
  • Lembre-se, aqueles sem coragem não dormem com mulheres belas.
  • Gosto de conflito. Sem conflito, não se progride.

Opinião: Paixão absurda aplicada em um filme absurdamente intimista.


Sinopse: A história de um garoto na tumultuada Nápoles dos anos 1980. O filme mais pessoal de Sorrentino até agora é uma história de destino, família, esportes, cinema, amor e perda.


Nada mais apaixonante e corajoso no mundo do cinema do que colocar a própria vida para ser manipulada pela linguagem cinematográfica. Fragmentos da própria história são assuntos sobre os quais as pessoas têm controle absoluto e domínio amplo, pelo simples fato de os terem vivenciado em algum momento e por estarem guardados em suas próprias intimidades. Dito isto, o laureado cineasta Paolo Sorrentino resolveu, mesmo sem admitir com ênfase absoluta, colocar sua história “no papel” da sétima arte, compartilhando os mais diversos tipos de momentos, desde os mais cômicos até os mais dramáticos e/ou trágicos em um filme muito bem dirigido e produzido, esteticamente perfeito (se é que existe isso no cinema), e com um roteiro deveras atrativo, que desenvolve competentemente as suas temáticas para deixar uma ótima mensagem que faz alusão à continuidade da vida (apesar de tudo).

A mão de Deus” nomeia um lance em que o maior jogador argentino da história, Diego Armando Maradona, fez um gol de mão (que foi validado erronemante) contra a Inglaterra na Copa do Mundo do México em 1986. Segundo o próprio jogador: “se houve mão na bola, foi a mão de Deus”. Maradona movia multidões e mexia com as emoções da população da Nápoles da década de 80, pois jogava no time da cidade, o Napoli, e essa paixão acaba por ser decisiva dentro do enredo do filme, pois livra o protagonista de um triste fim, por isso o título escolhido é absolutamente bem sugestivo dentro do contexto – só para começar, já pelo título, a fazer referência aos pontos positivos da obra.

Claramente, o filme tem dois momentos distintos, separados por uma tragédia. O primeiro momento é nostálgico, engraçado e exageradíssimo: a apresentação dos personagens de uma família italiana – com toda a tradicional expansividade que lhe é inerente. Para quem é fã do cinema italiano de outrora, principalmente do período em que a chamada comédia all’italiana imperava, esse bloco narrativo, que conta com muitas referências, é delicioso, a despeito de não conter nada de novo em sua abordagem. Os personagens são muito caricatos, com as principais características que os definem sendo hiperbolizadas, e o mais importante é a exibição das relações existentes entre eles, principalmente a definição do lugar do protagonista Fabietto, alter ego de Sorrentino, nesse microcosmo pitoresco. Cineastas históricos italianos são automaticamente lembrados, seja pelo estilo aplicado pelo diretor em sua produção ou mesmo por conter referências textuais e visuais a eles: Mario Monicelli, Federico Fellini, Franco Zefirelli, etc. Ademais, nesse bloco, as cores são vivas, vibrantes, coloridas, para demonstrar a aura alegre que é exibida, regada a confusões e brincadeiras à vontade.

Após a tragédia supracitada, a paleta de cores fica mais serena com tons azulados para denotar tristeza, perda de rumo, vazio existencial, etc. Nesse bloco narrativo mais sério, o novato Filippo Scotti dá um show de interpretação e o roteiro respira ares introspectivos que às vezes incomodam, sempre em busca de um novo caminho dada a nova conjuntura que se apresentou. Por sinal, esse segundo momento mostra a gênese do desejo de Fabietto em dirigir filmes por um motivo interessante: fugir da realidade – e, nesse sentido, os diálogos com o cieneasta Antonio Capuano são magníficos dentro da obra, com muitas frases de efeito e percepções particulares sobre o mundo da sétima arte e a existência. Ademais, o roteiro, através de suas cenas, impõe um olhar para o futuro, a despeito da aura duvidosa que se instala, e uma dessas cenas é espetacular nesse sentido: a perda da virgindade de Fabietto, que, por incrível que pareça, direciona – de forma muito irreverente, diga-se de passagem – para o que o filme se propõe a transmitir.

Esteticamente, o filme é magnífico. A fotografia salta aos olhos por tanta beleza e aproveita o melhor que Nápoles tem a oferecer; a trilha sonora potencializa as emoções em momentos chave; a direção de arte capricha na ambientação e na caracterização dos personagens; etc. Nota-se o esforço da produção para que tudo esteja perfeito e faltam adjetivos para exaltar o audiovisual provido pela obra. Tudo isso se chama paixão, que é facilmente identificável em toda a obra, pois vem da alma de alguém que está contando a sua história, que está ousadamente desnudando a sua vida, aliada a um estilo particular que já vem sendo identificado em obras passadas de Sorrentino.

Como tudo que é feito com o coração fica belo…

O trailer com legendas em português segue abaixo.

Obs.: Disponível na Netflix e representante da Itália no Oscar 2022.

Adriano Zumba


TRAILER


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