11 de fevereiro de 2020 6:13 por Redação
Por Thania Valença, repórter
Os empresários alagoanos da Cadeia da Química e do Plástico apostam que, mesmo com a tragédia no Pinheiro, Mutange, Bom Parto e Bebedouro, a Braskem não vai encerrar atividades e sair de Alagoas. Muito ao contrário, a avaliação deles é que a multinacional está se reinventando para continuar explorando as riquezas do solo alagoano, e até mesmo na região onde imóveis estão rachando e ruas sendo engolidas por crateras.
A prova, diz um importante representante da classe empresarial, é que a Braskem está fazendo sondagens em outros municípios, e até mesmo em outras áreas da capital, para mensurar novas jazidas de sal-gema. Há máquinas escavando o solo nos municípios de Paripueira e Barra de Santo Antônio.
Em setembro do ano passado, a empresa requereu à Agência Nacional de Mineração (ANM) sete autorizações para pesquisa no Litoral Norte de Alagoas. Nos Requerimentos de Autorização de Pesquisa Mineral, a Braskem definiu cerca de 13.800 hectares como área de pesquisa, em áreas rurais dos municípios citados, e de Maceió. As pesquisas podem durar de dois a três anos.
Em nota, a multinacional afirmou que quer identificar “potenciais áreas de reservas de sal em perímetro não urbano do Estado”.
Outro sinal, aponta o empresário, é que a empresa está ampliando a fábrica de Cloro-Soda, no Pontal da Barra, em Maceió, para receber matéria-prima importada. Para isso, conta com o apoio do governo do Estado, que já se mostrou disposto a avaliar a carga de tributos sobre esta operação.
Ou seja, para garantir a presença da Braskem no Estado, o governo poderá adotar uma política de incentivos compensatória, diante do aumento dos custos com a importação. A justificativa é: a Cadeia da Química e do Plástico de Alagoas é a base para cerca de 80 indústrias, que geram mais de 20 mil empregos diretos e indiretos.
Por fim, empresários apontam o acordo firmado com o Ministério Público Federal, Estadual e com as Defensorias Públicas da União e do Estado, para remover e indenizar moradores das áreas atingidas, como prova inequívoca de que a suspensão das atividades na fábrica do Pontal da Barra, e o fechamento de poços, é pano de fundo para criar as condições de permanência da Braskem. Afinal, completa um investidor da indústria do plástico, nenhuma empresa se propõe a disponibilizar R$ 3 bilhões, valor estimado para as indenizações de moradores, à toa!
Na verdade, alerta um ambientalista, a multinacional estará comprando uma parte da cidade, podendo fazer dela o que quiser. “Quem sabe até voltar extrair sal-gema na região do Pinheiro!” – completa.