10 de julho de 2020 8:20 por Redação
Nivaldo Mota*
Há dois anos, pesquisa da insuspeita Placar mostrava que 80% dos nossos atletas profissionais recebiam um pouco a mais do que o salário mínimo pago em nosso país, e que boa parte deles, só encontra mercado de trabalho por escassos três meses, quando das disputas dos campeonatos estaduais.
Hoje esse número é perto dos 90%, quer dizer, em dois anos, o número de jogadores ganhando miseravelmente só aumentou tal qual a lógica do capitalismo, a coisa tende a piorar para muito além do futebol, para a classe trabalhadora de conjunto.
O futebol é uma indústria, muitos clubes não seguram seus craques, virou um grande comércio de lavagem de dinheiro em transações tenebrosas. Os únicos que não ganham nada, em quase todas as transações, são os próprios clubes, que são dirigidos em sua grande maioria por pessoas não confiáveis, dirigentes com folhas corridas e que se utilizam da boa fé das pessoas para mentirem descaradamente e se perpetuarem mandando no futebol nacional.
Esta turma forma uma sociedade com apenas um interesse, ficar rica, isso pode colocar no saco as federações, clubes (a maioria deles), CBF e a toda poderosa Rede Globo, a Vênus Platinada do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que detém a maioria dos campeonatos no Brasil e tem contrato exclusivo com CBF.
Somos um país Continental, um absurdo ter um campeonato nacional que começa em maio de cada ano e somente prioriza as séries A e B. A rigor, somente quarenta times jogam o ano inteiro, o restante que se dane. A coisa anda tão escandalosa, que a CBF, para satisfazer o mercado da bola, convocou uma seleção brasileira para dois jogos em Cingapura para jogar contra Nigéria e Senegal, um absurdo!
Mas qual é a lógica, convocar um monte de jogadores que jogam fora do país para dar satisfação aos seus respectivos empresários, um monte de pernas-de-pau, que são vedetes dos sites de futebol prontamente montados para fazer negócios com estes mesmos jogadores que na maioria das vezes nem vestiram a camisa de algum time do Brasil e já aparece como craques na Europa.
Estava na hora dos clubes criarem suas ligas, tanto nacional como local também. Para que serve a Federação Alagoana de Futebol, por exemplo? Faz nada, mal administra o nosso futebol. Verifiquem os borderôs dos jogos, olhem quem lucra com as partidas? CRB, CSA e ASA, os três maiores de Alagoas, seus dirigentes não se impõem, não tem coragem, eles coadunam com tudo do que é errado, por isso a fraqueza de nosso futebol.
A redução do tamanho dos estádios de futebol explica este lado nefasto, os pobres são cada vez mais afastados dos estádios, com os preços cobrados, tanto do ingresso do jogo, como daquilo que se consome dentro, para o bolso do assalariado não cabe mais.
O futebol foi elitizado no Brasil, ir a um estádio virou coisa de programa de Fast food de Shopping, só que se esqueceu de melhorar a vida do povo para que ele pudesse continuar indo aos estádios de futebol.
*É historiador e professor
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