11 de março de 2022 9:45 por Mácleim Carneiro
Era monolítico. Estático, como nem Van Gogh poderia propor. Um único girassol de aço apoderando-se da tela. Sem movimento, sem luz, sem vida. Tudo apático e insólito naquela cena. Até o tempo era atípico e inerte, como se a espera dele mesmo, que não passava. O tempo contrariava sua essência. Era a metáfora de um relógio travado, com os ponteiros sobrepostos, onde o ponteiro dos minutos encobria o das horas e, horas encobertas, sem movimento, fixas em si, aprisionam tudo, paralisam todos!
Vê-lo, era claustrofóbico, como se uma camisa-de-força se apoderasse do espectador, imobilizando-o pela terceira lei de Newton. Tamanha rigidez era mais que cadavérica. Não havia vestígios da maleabilidade do tecido humano. Pele, músculos, eram vítreos. Mecanismos enferrujados, intransponíveis a qualquer força motriz. Até que uma mosca pousou em seu nariz.
No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!!