6 de maio de 2022 9:23 por Mácleim Carneiro
Certa vez, pensei com os meus botões: não dá mais! Desisto! Vou seguir o conselho que o Celso Brandão deu ao Fernando Fiúza, quando este voltou a morar em Maceió, depois de uma temporada na Europa. Daí, tentei criar a minha cidade, o meu aquário, na tentativa de relaxar em relação à realidade.
Desisti, porque o que percebia era uma metástase social avançada. Por mais que se tentasse um tratamento de choque, nada a faria retroceder, de tão enraizada, de tão introito ao comportamento que expressa a falta de noção de cidadania do alagoano nato. Isso, sem falar nos de alta-periculosidade, eleitos ou não. Refiro-me, sobretudo, aquele que anda nas ruas, como eu. Aquele, cuja noção de cidadania vai do lixo jogado nas calçadas, nas ruas, nas praças, à recondução do Collor à vida pública.
Por mais paradoxal que possa parecer (em qualquer país civilizado, seria), era no CEPA, um dos maiores complexos de educação da latino-américa, que eu vivenciava, diariamente, aquilo que ainda me revolta a todo instante. Se eu quisesse, a cada dia teria um absurdo fato novo para contar. Todos, absolutamente todos, por essa triste perspectiva. Pois bem, certa manhã, ao chegar ao local onde eu me exercitava, vi um carro estacionado, com a porta do motorista entreaberta, e dele saltou uma lata vazia de refrigerante. Apurei a visão e percebi que o responsável pelo ato banal, mas vergonhoso, era um senhor bem mais velho do que eu.
Lixo Simbólico
Já cansado de, por vezes repetidas, alertar aos jovens alunos do CEPA, para a necessidade de se ter o mínimo de cidadania, dessa vez, apenas me dirigi até ao veículo e quando o tal “cidadão” supôs que eu iria falar com ele, simplesmente, recolhi a lata de refrigerante jogada por ele. Sem qualquer palavra, fui até um dos montes de lixo, que eram facilmente encontrados em vários pontos daquela instituição, e depositei a lata de refrigerante. No caso, o mais próximo, estava a aproximadamente dez metros do veículo. Aliás, sempre tive a lamentável percepção de que o lixo que se acumulava no CEPA tinha um simbolismo evidente: espelhava o (des)compromisso do Estado com a educação pública.
Voltei à minha atividade física, no mesmo local de onde eu tinha total visão do veículo e do tal “cidadão”. Pelo que percebi (como sempre acontecia), de nada adiantou a minha atitude, a não ser pelo fato de ter colocado a lata no monturo. Compreendi que aquele senhor não foi capaz de apreender nada. Se algo foi formulado em sua mente, deve ter sido: Todo dia nasce um novo otário. Enquanto houver babacas como esse, vou continuar jogando lixo na rua.!
No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!!