sábado 5 de abril de 2025

O Cartão Postal do Stuckert

12 de março de 2020 12:03 por Geraldo de Majella

 

Roberto Filho, Roberto (Stuckão) e Ricardo Stuckert – foto Magno Romero/Divulgação

 

Após servir a sobremesa do jantar, a minha companheira Vânia Assumpção, colocou sobre a mesa cinco álbuns de fotografias, coloridas e preto-e-branco, de sua coleção.

Olhei com a curiosidade dos que procuram descobrir preciosidades. Vejo-me, muitas vezes, como se fosse um garimpeiro à procura de esmeraldas, ouro ou pedras preciosas de valor. Os historiadores, em grande medida, são seres com essas características.

Não demorou muito, abri um dos álbuns e me deparei com duas joias raras: cartões fotográficos de Roberto Stuckert.

Fiz uma inevitável pergunta:

− Vânia, onde você comprou?

− Não comprei, ganhei de presente.

E me explicou, detalhadamente, que havia recebido de Dona Alma, uma imigrante octogenária russa. Dona Alma havia chegado a São Paulo após a revolução socialista de 1917. Em 1984, Vânia alugou um dos quartos de sua casa, onde viveria por um ano enquanto fazia um curso de especialização em paisagismo.

Canal Novo na Lagoa Manguaba, em Marechal Deodoro (AL)

Quando estava retornando a Maceió recebeu como presente os dois Stuckert. Passamos um tempo falando sobre fotografia e sobre o Stuckert e outros importantes fotógrafos alagoanos ou que por aqui estiveram.

Num gesto de desprendimento, recebo das mãos de Vânia os dois cartões. A partir de agora vão para a minha coleção, e como não sou fominha, vou disponibilizá-los através da internet, aqui no 082noticias.com e pelas minhas páginas no Facebook e Instragram .

Mas, afinal, quem é o fotógrafo R. Stuckert, que assina os cartões fotográficos ou postais?

Os Stuckert são originários da Suíça, tendo chegado ao Brasil pelo porto de Cabedelo, em João Pessoa (PB), em 1900. O patriarca da família, Eduard Francis Rudolf Deglon Stuckert, um homem de múltiplos ofícios profissionais, era fotógrafo, desenhista, escultor e intérprete em oito línguas estrangeiras.

A viagem entre o continente europeu e o Brasil durou quase um mês. Eduard Stuckert foi o responsável pela elaboração das cartas náuticas. Em João Pessoa, fixa residência e começa a trabalhar como fotógrafo, em companhia dos filhos Manfred, Gilberto e Eduardo Roberto. Criou o Foto Íris, que posteriormente mudou de nome e passou denominar-se Foto Stuckert, na rua Duque de Caxias. Entre 1900 e 1930 realizou um importante registro fotográfico da cidade, e em 1942, no Rio de Janeiro, expôs a sua coleção de desenhos de bico de pena e nanquim no Museu de Belas-Artes.

O filho caçula, Eduardo Roberto, na década de 1950 deixa João Pessoa e ao passar por Maceió (AL), emprega-se no jornal Gazeta de Alagoas e se torna o precursor do fotojornalismo. É dessa época a coleção de cartões fotográficos ou postais impressos e distribuídos nacionalmente.

Bica da Pedra, em Marechal Deodoro (AL)

Ao deixar Maceió, dirige-e à então Capital federal, Rio de Janeiro, e passa a trabalhar no jornal O Globo. Em 1957, durante o governo Juscelino Kubitschek, é destacado pela direção do jornal para fazer uma longa reportagem da construção de Brasília.

Eduardo trabalhou durante um ano fotografando a construção da nova capital do país e registrando o cotidiano da construção e dos trabalhadores. Quando é chamado de volta ao Rio de Janeiro, deixa o filho Roberto Stuckert a documentar a construção de Brasília.

Roberto depois se tornou conhecido também como fotógrafo, recebendo o apelido de Stukão. É a terceira geração da família a fotografar profissionalmente. Ao filho não restou outra alternativa a não ser permanecer em Brasília, onde criou raízes.

Poucos meses antes de Brasília ser inaugurada, Eduardo Roberto retorna com toda a família para o Planalto Central, onde fixa residência. Na década de 1970, com os filhos Roberto, Rodolfo, Eduardo e Rosiane, funda a Stuckert Press, empresa de fotojornalismo.

Roberto Stuckert foi o fotógrafo oficial da Presidência da República no governo do general Figueiredo, trabalhou para jornais e revistas e realizou a cobertura de três copas do mundo.

A quarta geração da família Stuckert é representada por Ricardo Stuckert, brasiliense, fotógrafo desde os 19 anos de idade. Iniciou-se no jornalismo no jornal O Globo, passou pelas redações das revistas “Caras”, “Veja” e “IstoÉ”. Trabalhou na campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva e, durante os dois mandatos do presidente Lula, foi o fotógrafo oficial da presidência da República.

A família Stuckert continuou em destaque no prestigioso trabalho de fotografar a presidência da República, Roberto Stuckert Filho, foi o fotógrafo oficial da presidenta Dilma Rousseff.

Ricardo Stuckert continua trabalhando com o ex-presidente, agora, pelo Instituto Lula, como fotógrafo e responsável pelo do acervo de fotos e vídeos do ex-presidente Lula.

Lagoa Mundaú, no bairro do Pontal da Barra, em Maceió

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2 Comentários

  • Dona Alma estava de partida. Não voltaria a Rússia. Decidira servir a Deus e foi viver na Terra Santa. Assim, começou a distribuir objetos que não levaria com ela. Ganhei dela esses cartões postais e uma coleção de livros

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