19 de dezembro de 2022 5:29 por Da Redação
Por Gustavo Marinho, da Página do MST
Reuniões, debates, planejamentos, avaliações… Foram semanas até o árbitro apitar e autorizar o início da partida. Antes disso, Comitês Populares: diálogo, organização comunitária, olho no olho, porta a porta, abraços, sorrisos e partilha de esperança. Estava todo mundo envolvido, todo mundo mergulhado. Ninguém ficava fora do barco, todos remando juntos.
A experiência tomou conta de todo o estado e por onde a gente olhava, tinha Sem Terra organizando Comitê Popular em Alagoas. De moto, caminhando, na carroça, nos carros e até pegando carona na estrada, nada foi obstáculo para o Movimento que destacou como meta: 100 Comitês em todo o estado.
Nosso objetivo era conversar com o maior número possível de pessoas. “Aqui organizamos a esperança”, dizia a bandeira que marcava a existência de cada um dos Comitês. Esse era o sentimento, precisávamos esperançar. E esperançamos.
Bons acúmulos, boas histórias e muita disposição marcou esse primeiro tempo. Fizemos muitos gols e nosso time só crescia, nos tornamos gigantes. Com mais experiência, mais repertório e mais disposição, precisávamos chegar bem no segundo tempo.
Mais reuniões, mais debates, mais planejamentos, mais avaliações. O segundo tempo estava para começar e fomos com tudo. Incorporamos dois atacantes no time com as camisas de número 1313 e 13000, eles jogando com a gente, nosso time só melhorou. Já tínhamos o 13 como capitão, agora com a dupla de atacantes, seria goleada por todos os cantos.
Já com a experiência do primeiro tempo, nossos Comitês agora ampliavam, nos tornamos Time da Esperança. Um novo uniforme, mas as mesas ideias: trazer de volta a esperança na organização popular para transformarmos a realidade em nossas comunidades, com Lula na camisa 13, Paulão com o número 1313 e Ronaldo Medeiros 13000.
A cada segundo de jogo, mais gente se chegava. Estávamos perdendo o controle da nossa escalação: todo mundo queria jogar desse lado.
E caímos em campo com muita mística e criatividade. Já somos 300 jogadores em mais de 25 municípios do nosso estado. Parecia uma marcha com várias colunas ocupando bairros, povoados, comunidades, feiras livres, favelas e grotas.
Cada dia a gente foi aprendendo. O que era pra ser um jogo, virou uma grande escola de formação. Zagueiros aprenderam a agarrar, goleiros foram atacantes, todo mundo foi um pouco capitão e como uma seleção bem treinada, todos foram desafiados a aprender e fazer.
O planejamento e o estudo, por exemplo, princípios desses jogadores, se materializaram no cotidiano do Time, forjando militantes-jogadores. O desafio de dialogar com comunidades, bairros, povoados, reafirmaram a necessidade de participação cada vez mais coletiva. Afinal, nessa partida, todo mundo tem uma responsabilidade. E esse sentimento foi dando a dose formativa dessa construção. Novas possibilidades, novos militantes, novas estratégias e novos territórios conhecidos.
Com esses acúmulos organizativos já sairíamos vencedores dessa partida, e mesmo com o juiz, que está quase apitando o final do jogo, a disposição do Time parece a dos primeiros minutos do primeiro tempo: queremos mais gols!
A passagem em cada porta foi a nossa principal estratégia. Em todos os nossos municípios, visitamos todas as comunidades, conversamos com centenas de pessoas, adesivamos inúmeras casas e, principalmente, espalhamos milhares de sementes de esperança.
Dessas arquibancadas, nos mais diferentes territórios que visitamos, muita gente reconheceu nossos jogadores: “são vocês que doaram alimentos por aqui, não tem como esquecer”, “contem comigo”, “vou votar com vocês para que vocês continuem ajudando nossa comunidade”. E isso fazia a gente avançar mais, mais e mais.
Homens, mulheres, crianças, jovens, idosos… O Time é uma grande mistura. Dançando bregafunk, piseiro, forró, o nosso jogo segue sendo jogado com o coração, com a cabeça erguida e muito sorriso no rosto.
Estamos nos últimos minutos do segundo tempo, mas foram inúmeros os gols feitos do lado de cá. Sairemos dessa partida com a vitória, mas acima de tudo, com muitas lições para cada um que entrou em campo.
Certamente nossas fileiras serão ainda mais firmes com esses jogadores e jogadoras.
Ao Time da Esperança: vida longa e muitas vitórias!