A escritora belga Marguerite Yourcenar (foto) escreveu: “Sempre tive a impressão de que a música fosse apenas o extravasamento de um grande silêncio.”
Pois bem, já que ela levantou essa bola, entendo que: embora o silêncio esteja implícito à música, e as pausas existam nas partituras para confirmar sua utilização, seria no mínimo simplória tal afirmação.
Na música, como expressão artística sofisticada ou não, em sua essência de portal dos sentimentos, não cabe a palavra “apenas”.
Ainda mais se levarmos em consideração que o silêncio é uma ilusão.
Nós, enquanto vivos, jamais teremos o silêncio absoluto. Nem no vácuo, pois ouviremos o som do funcionamento do nosso próprio organismo.
Portanto, silêncio mesmo, silêncio total, suponho que só após a morte e, mesmo assim, ninguém ainda confirmou isso de lá do além.
Logo, subtraindo-se a beleza poética da afirmação, cognitivamente faz pouco ou nenhum sentido.
Aliás, os verbos no pretérito perfeito e imperfeito indicam que a autora da frase possivelmente já afirmasse uma mudança de opinião.
No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!??