22 de março de 2020 1:15 por Marcos Berillo
Uma das principais lojas de home center e material de construção do Nordeste, com unidades em Maceió e em Arapiraca, a Carajás está sendo acusada por seus funcionários de descumprir o decreto 69.541, do governo de Alagoas, além de colocar em risco a vida de seus empregados, na crise da pandemia coronavírus.
Agora a pouco, vídeos começaram a circular nas redes sociais, mostrando empregados da empresa passando mal e protestando por serem obrigados a trabalhar em situação insalubre.
O decreto 69.541, publicado na última quinta-feira, 19, pelo governo alagoano é bem claro quanto às normas de funcionamento de estabelecimentos comerciais em todo estado, em caráter excepcional, pelos próximos 14 dias.
Em seu artigo 1º, o decreto declara situação de emergência de saúde decorrente do COVID-19 (coronavírus), estabelecendo medias restritivas. Uma delas, e que está sendo descumprida pela Carajás, conforme denúncia dos funcionários, suspende o funcionamento de “lojas ou estabelecimentos que pratiquem o comércio ou prestem serviços de natureza privada; shoppings centers, galerias/centros comerciais e estabelecimentos congêneres”.
A proibição está prevista no artigo 2º, itens V e VI, do decreto estadual.
Conforme a queixa dos funcionários, a administração da Carajás Home Center, em Maceió, está ignorando as normas legais, e as orientações em saúde de que aglomeração em ambientes fechados aumentam as chances de proliferação do coronavírus.
Veja os vídeos:
ATUALIZAÇÃO:
Neste sábado, 21, a empresa emitiu nota onde afirma não estar descumprindo nenhuma determinação. Leia na íntegra:
GRUPO CARAJÁS
Aos nossos colaboradores, clientes e à sociedade em geral:
Estão circulando em alguns grupos de mensagens e nas redes sociais vídeos, fotos e informações envolvendo o acesso de colaboradores a nossa loja matriz, em Maceió, na manhã deste sábado, 21/03/2020.
Em respeito à verdade e a todos, esclarecemos que:
Estamos cumprindo rigorosamente a determinação de manter o estabelecimento fechado aos clientes, conforme estabelece os decretos estadual e municipal. Tomamos todas as medidas recomendas para evitar a propagação do COVID-19. Medidas, inclusive, referendadas pelo Ministério Público do Trabalho de Alagoas.
Na manhã deste sábado, (21/03), no entanto, colaboradores ainda se dirigiram à loja. Alguns por não ter havido tempo hábil para comunicá-los; outros por exercerem atividades imprescindíveis para a operação, como processamento de folha de pagamento, tecnologia da informação, televendas, manutenção e segurança patrimonial.
De um total de 505 colaboradores da nossa loja matriz, apenas 15 ficarão trabalhando. Outros 35 seguem em regime de plantão e turnos alternados. Ainda assim, serão convocados prioritariamente àqueles que possam se deslocar sem utilizar transporte público.
Reforçamos que se trata da nossa matriz, unidade que dá suporte a outras operações em outros estados, inclusive aos que não adotaram o fechamento de lojas, como Rio Grande do Norte (Natal) e Paraíba (Cabedelo e Campina Grande).
No mais, já havíamos liberado também todos os colaboradores com mais de 60 anos, pessoas com doenças crônicas (asma, bronquite crônica, hipertensos ou diabéticos); pessoas que fizeram cirurgia bariátrica nos últimos seis meses; portadores de HIV e pessoas que estejam ou tenham tido tratamentos nos últimos cinco anos de câncer, linfomas ou leucemia.
Outras medidas preventivas também haviam sido adotadas, como a suspensão do controle de ponto por meio de biometria, visando preservar a própria integridade dos colaboradores, sem que houvesse qualquer prejuízo financeiro para os mesmos.
Por fim, enfatizamos que estamos todos comprometidos no combate à propagação do COVID-19. Entendemos que essa é uma luta de todos: poder público, iniciativa privada e a sociedade. Seguiremos firmes nesse compromisso.