22 de março de 2020 1:42 por Thania Valença
Sob o argumento de que o combate à crise do coronavírus não pode ser contaminado pela ação política, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, recomendou hoje, em teleconferência com prefeitos, adiamento das eleições deste ano. A manifestação do ministro foi em resposta ao questionamento do prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho (PSDB). Coutinho pediu a liberação de recursos que, segundo ele, estariam sendo represados pelo estado do Pará, governado por Helder Barbalho (MDB).
— Estou alertando que todos vocês precisam, com todas as diferenças políticas, (se entender). Aliás, eu faço aqui até uma sugestão para vocês discutirem. Está na hora de o Congresso olhar e falar: “olha, adia (as eleições)”. Faça um mandato tampão desses vereadores e prefeitos. Eleição no meio do ano vai ser uma tragédia. Vai todo mundo querer fazer ação política. Eu sou político. Não esqueçam disso — disse Mandetta.
Por sua vez, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, que presidirá o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a partir de maio, descartou o adiamento das eleições municipais, marcadas para outubro em todo o país.
Ele acredita que, até a data das votações, a situação de pandemia por coronavírus no país já estará normalizada. Ainda assim, a Corte vai precisar tomar essa decisão oficialmente.
Na quinta-feira, 19, o líder do Podemos, deputado Léo Moraes, protocolou no TSE um pedido para adiar as eleições para dezembro. O ofício foi encaminhado à presidente da Corte, ministra Rosa Weber.
“O adiamento das eleições municipais mostra-se fundamental não só para proteger a saúde pública, mas também para preservar a legitimidade do pleito eleitoral. A eleição e a própria política baseiam-se no contato entre as pessoas, situação propícia para a disseminação do coronavírus por meio de gotículas expelidas pelo nariz e pela boca, quando uma pessoa infectada conversa, tosse ou espirra. Não há como falar em eleições sem que haja reunião de pessoas em convenções partidárias, em campanhas nas ruas e nas seções eleitorais”, diz o documento do Podemos.
— Por enquanto, não cogitamos essa possibilidade. Cada dia com sua agonia. Tenho fé que até outubro tudo será controlado — afirmou Barroso.
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