24 de abril de 2020 5:02 por Marcos Berillo
A sorte foi lançada com a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça. O governo Bolsonaro passa a viver mais uma crise, esta pode ou tem potencial para desestruturar o núcleo palaciano.
Em meio à pandemia e aos seus reflexos aterradores na economia, Bolsonaro vem tergiversando com argumentos falaciosos como o da “gripezinha”.
O desemprego alto anterior à pandemia não era visto como motivo para colocar os principais ministérios em alerta ou pensar num plano que indicasse uma perspetiva de crescimento da economia onde as empresas pudessem ser salvas da quebradeira.
Nada, até agora, havia tirado o sono de Jair Bolsonaro. Mas, quando as investigações da PF se aproximaram da sua família, o xeque-mate foi aplicado em Sérgio Moro, o principal instrumento da eleição do inexpressivo candidato da extrema-direita, do mercado e das milícias do Rio de Janeiro e das polícias.
Sem uma base parlamentar sólida e em frontal briga com os poderes Legislativo e Judiciário, a sua tentativa de se manter no poder é entregar o governo a segmentos militares na reserva e procurar, junto às Forças Armadas, a sua sustentação, pelo menos enquanto perdurar a tormenta.
Moro pode agir como um franco atirador que conta com apoio na opinião pública e tem ou poderá contar com a grandes mídias que Bolsonaro e família elegeram como alvo para serem destruídas.
Tudo é muito recente, a demissão foi efetivada faz poucas horas, mas, já causou um abalo na Presidência da República.
O mundo empresarial que apoiou e financiou a eleição e, sobretudo, financiou a campanha contra o PT e a esquerda estão calados para o público, mas, certamente, está apreensivos com o rumo tomado pelo governo que eles chamavam, no intramuro, de “seu”
Os militares estão calados, mas, certamente, não estão inertes.
As esquerdas, cada grupo a seu modo e jeito, devem construir um discurso que oriente a militância e a população, onde a democracia é o centro de tudo e que haja apuração das denúncias feitas por Sérgio Moro.