Por Eduardo Maretti, da RBA
A TV Brasil estreia uma nova faixa de cinema no próximo dia 18 de setembro, “com foco” no cinema nacional. Além da exibição de filmes, a programação terá o programa Cine Resenha, que entrevista diretores brasileiros. Segundo a Assessoria de Comunicação da EBC, ainda não há uma programação fechada, porque a confirmação dos filmes depende de assinatura de contratos.
A nova faixa terá quatro horários para exibição de filmes nos fins de semana, sendo “dois à tarde e dois à noite”, diz a EBC. Estão previstos na programação “destaques do cinema nacional”. Entre eles, o excelente Cinema, Aspirinas e Urubus (2005), do diretor Marcelo Gomes, que falou à Agência Brasil durante as gravações do programa.
Outros filmes que serão exibidos são O Céu de Suely, de Karim Aïnouz (2006); O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho (2012); A Febre, de Maya Da-Rin (2019); e Riscado, de Gustavo Pizzi (2010).
Em Cinema, Aspirinas e Urubus, um alemão foge da Segunda Guerra e vem ao sertão brasileiro vender aspirinas na região. É o ano de 1942. Ele contrata um nordestino como ajudante e guia. Para conseguir compradores de aspirina, desconhecida da população sertaneja, a dupla exibe filmes publicitários nas praças das pequenas cidades nordestinas.
Filme foi premiado em Cannes
Primeiro produção de Marcelo Gomes, o filme recebeu o Prêmio da Educação Nacional, concedido pelo Ministério da Educação da França, no Festival de Cannes em 2005. Foi exibido na mostra Un Certain Regard do festival e aplaudido pelo público, além de muito elogiado pelos críticos.
O diretor comentou ser importante que o filme vá “passar de Norte a Sul do país, em lugares que meus filmes nunca chegaram antes, onde os cinemas nunca exibiriam esse tipo de produção”. Para ele, a TV Brasil “vai poder quebrar esse bloqueio, dos cinemas que exibem majoritariamente filmes dos Estados Unidos”.
Segundo a diretora de conteúdo e programação da TV Brasil, Antonia Pellegrino, a decisão de priorizar produções independentes nacionais é política e estratégica. “Decidimos reunir esses talentos contemporâneos – pessoas com filmes premiados, sejam recentes ou mais antigos – e exibi-los em rede nacional. Alcançar mais pessoas, formar uma plateia maior e cumprir com os objetivos da comunicação pública”, destaca.
Estreia: Ithaka: A Luta de Assange
Estreia neste fim de semana no circuito nacional, das salas de cinema do país, o documentário Ithaka: A Luta de Assange, dirigido por Ben Lawrence, sobre o jornalista australiano e fundador da página WikiLeaks Julian Assange, que está preso na Inglaterra desde 2019.
Assange passou sete anos (2012 a 2019) em asilo político na Embaixada do Equador, em Londres, até ser entregue pelas autoridades daquele país a Londres. Sua prisão foi motivada por acusação de espionagem, por publicar em 2010 detalhes das atividades dos Estados Unidos nas guerras do Iraque e Afeganistão, incluindo assassinato de civis.
No filme, Assange não é o personagem principal. O documentário mostra o entorno de seu trabalho e a rede que o apoia, com destaque para seu pai, Richard. A obra traça um paralelo entre o fundador do WikiLeaks e a ilha de Ítaca, da Odisseia de Homero, poeta épico da Grécia Antiga. Na história grega, o herói ficou longe de sua terra por muitos anos, porque era um rei-guerreiro e atuou na Guerra de Troia.