22 de maio de 2020 3:15 por Marcos Berillo
Diante da escalada da crise política que ele mesmo alimenta diariamente, agravada pelas investigações que apuram as denúncias do ex-ministro Sérgio Moro, de que tentou interferir na Polícia Federal, o presidente Jair Bolsonaro se aproxima ainda mais do caos.
Contrariando o discurso feito na campanha, de que a corrupção seria extinta com sua eleição, Bolsonaro fecha aliança com grupos políticos que chamou de “velha política”, prometendo acabar com o “toma lá, dá cá” na relação do governo com deputados e senadores.
Sem a mínima capacidade para administrar, Bolsonaro dá provas frequentes de que o combate a corrupção era somente tema de campanha. Tentando fortalecer sua rala base de apoio no Congresso Nacional, e temendo os riscos de um iminente impeachment, o presidente se agarra, como náufrago, à boia lançada por aqueles que apontou como corruptos.
Já estão nomeados para cargos importantes da administração pública políticos do chamado Centrão. Para quem não sabe, o Centrão é o bloco parlamentar formado unicamente por acusados de… corrupção. Muitos com processos em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
O Centrão é um aglomerado de partidos sem orientação ideológica, cujo objetivo é se manter aliados do governo para tirar vantagens e privilégios, tudo sustentado no dinheiro público.
Formam esse bloco o Progressistas, Republicanos, PL, Solidariedade, PSD e PTB, que já assumiram postos no governo federal.
Essa bancada tem como líder, ou representante, o alagoano Arthur Lira (PP). E é aqui que a vergonha nos atinge!
Como é publico e notório, Arthur é investigado no Supremo por corrupção passiva, acusado de receber propina de R$ 106 mil em espécie, e organização criminosa no caso conhecido como “Quadrilhão do PP”.
Mas o presidente Jair Bolsonaro finge que não sabe desses “detalhes” e deu a Arthur Lira o comando do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), autarquia com orçamento de R$ 1 bilhão neste ano. Arthur repassou o cargo ao deputado Sebastião Oliveira (PL-PE).
Por que repassar um órgão com esse orçamento?
O deputado Arthur Lira não quer apenas o mando em órgãos públicos federais. Segundo analistas políticos do Congresso, a benesse ao colega de Pernambuco faz parte da estratégia de Arthur para, pasmem, senhores, chegar à presidência da Câmara dos Deputados, cuja escolha está marcada para fevereiro de 2021.
A estratégia do deputado alagoano visa ainda o apoio do presidente Jair Bolsonaro para chegar ao cargo.
A abertura de um processo de impeachment, saibam todos, cabe ao presidente da Câmara dos Deputados.
Tá bom pra você, bolsonarista??