6 de março de 2024 3:09 por Da Redação
Funcionário aposentado do Serviço Geológico do Brasil (SGB), nova denominação da CPRM, o geólogo Thales Sampaio de Queiroz fez um dos mais graves depoimentos sobre o crime ambiental praticado pela mineradora Braskem, em Maceió. Convocado a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado Federal que investiga o afundamento de 20% do território da capital alagoana, Thales Sampaio foi taxativo: a Braskem tirou sal-gema sem autorização (outorga) e sem respeitar as regras técnicas.
Ele afirmou que a tragédia em Maceió foi causada por negligência e imprudência da mineradora, que não cumpriu as normas mínimas de exploração do minério. “A empresa não aceitou nossos estudos que mostraram claramente que a lavra (operação para extração de minério) de sal gerou o problema!” – disse Thales Sampaio.
Mais ainda, o geólogo afirmou que foi pressionado a não divulgar as informações reais sobre a tragédia que destruiu os bairros do Farol, Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto, obrigando mais de 50 mil pessoas a deixarem suas casas.
“Nós, técnicos do Serviço Geológico do Brasil estávamos pressionados, com medo!” – disse Thales Sampaio, revelando, por insistência dos senadores, que a pressão para não divulgar as verdades sobre o dolinamento das minas da Braskem veio de fora e de dentro do SGB. Chefiando a equipe que, a partir de 2019, fez estudos sobre as falhas geológicas e crateras decorrentes da mineração, o geólogo se emocionou ao falar dos danos à sua família e à sua saúde física.
“Não infartei porque meu médico foi preventivo. Colocou dois stents em meu coração” – revelou Sampaio, no momento em que falou sobre o drama dos milhares de famílias que visitou e que, até então, não sabiam a gravidade da situação.
A equipe de 52 pesquisadores, continuou o geólogo, ficou impactada com a realidade ambiental resultante da retirada de sal-gema.
“Mas a pressão foi tamanha, que nos afastamos” – acrescentou.