Por Barbara Luz, do portal Vermelho
Em uma atmosfera de conflito intenso, o filme “Guerra Civil”, dirigido por Alex Garland, desembarcou no Brasil na quinta-feira (18), trazendo à tona questões urgentes sobre a polarização extrema e seus potenciais riscos à democracia. A obra, que liderou as bilheterias nos Estados Unidos no último fim de semana com uma arrecadação inicial de US$ 26 milhões, apresenta uma distopia onde os Estados Unidos estão dilacerados por um conflito civil sem precedentes.
A narrativa se desenrola através dos olhos de quatro jornalistas — liderados pelo personagem Joel, interpretado pelo brasileiro Wagner Moura — que atravessam o país em meio a tiros e barricadas para alcançar a Casa Branca. Em entrevista para O Globo, Moura, que começou sua carreira como jornalista, discutiu o papel crucial dessa profissão na democracia e como ela é retratada no filme.
“Sempre tive uma conexão com o jornalismo, o que me fez aceitar este papel imediatamente quando Alex Garland me procurou”, disse Moura. O ator relembrou seu encontro com Garland durante o casting para a série “Devs”, e como sua experiência em filmes políticos como “Marighella” o ajudou a conectar-se com a narrativa de “Guerra Civil”.
Para a preparação de seu papel, Moura buscou inspiração em conversas com jornalistas de guerra, o que o ajudou a compreender os traumas comparáveis aos dos soldados que esses profissionais frequentemente carregam. “Eles voltam para casa com o mesmo trauma dos soldados”, disse o ator, destacando a intensidade da vida de um jornalista em zonas de conflito.
Wagner Moura refletiu sobre a imparcialidade na profissão jornalística e como “Guerra Civil” aborda isso de maneira equilibrada. “O filme não toma partido, o que é crucial em um tempo onde as pessoas vivem isoladas em suas bolhas ideológicas”, comentou o ator.
Ele também falou sobre as consequências da polarização vista no filme e na vida real, mencionando como o projeto o incentivou a dialogar mais com pessoas de opiniões divergentes. “Convivo com muitas pessoas que pensam diferentemente de mim”, afirmou Moura. Ele expressou preocupação com o aumento de narrativas polarizadas que dificultam o diálogo saudável e a compreensão mútua.
“Guerra Civil” chega em um momento oportuno, oferecendo uma narrativa intensa e provocativa que espelha as crescentes divisões sociais ao redor do mundo. A recepção positiva nos EUA indica que o filme não apenas captura a imaginação do público, mas também serve como um alerta sobre os perigos da polarização exacerbada. Alex Garland descreve o filme como uma “alegoria de ficção para a nossa atual situação polarizada”, um comentário que Moura endossa com preocupação e esperança por um diálogo mais aberto e menos confronto.
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