Por Neirevane Nunes*
A Prefeitura de Maceió inicia mais uma obra de intervenção na orla sem estudo técnico necessário, causando impactos negativos ao ambiente, sem respeitar a legislação ambiental e desperdiçando dinheiro público.
Estamos falando da ação na orla do Pontal, com plantação de grama em área de restinga. Vale lembrar que, já durante obra de contenção da erosão com a instalação dos blocos de concreto, uma proporção significativa de restinga foi perdida e não houve a compensação com a recomposição da vegetação nativa.
Apesar de o plantio de grama ser utilizado muitas vezes para estabilização do solo, em áreas de restinga elas podem ter efeito contrário, pois, podem enfraquecer os mecanismos naturais de controle da erosão pela vegetação nativa e agravar o processo de desgaste.
A grama não é adaptada às condições de salinidade desse ambiente, a camada de terra vegetal utilizada é mais superficial e as placas de grama estão sendo aplicadas no período mais seco por estarmos no início da estiagem. Com isso, a demanda por água para irrigar essa grama aumenta e há um custo pra transportar essa água.
A ação do vento, da salinidade e alta temperatura sobre a camada de terra vegetal e a grama serão intensas e determinantes para o fracasso desse projeto. Assim, o plantio de grama na área de restinga representa um retrocesso e desperdício de dinheiro público.
*Bióloga e Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Sociedade, Tecnologias e Políticas Públicas da Unima