22 de agosto de 2020 7:27 por Geraldo de Majella
O médico Lourival de Mello Motta nasceu em Palmeira dos Índios no dia 9 de dezembro de 1906. Filho de Leobino Soares da Motta e Adelaide de Mello Motta. O pai, de origem humilde, comerciário em Palmeira dos Índios, ao ser despedido, contou com a ajuda do sogro, que era comerciante em Maceió, e abriu em Palmeira dos Índios, em 1902, a Loja Esperança, de fazendas e miudezas. Sua mulher ajudava nas vendas e ainda costurava as roupas que seriam comercializadas. A loja fechou em março de 1938.
Em Palmeira dos Índios iniciou e concluiu o curso primário; depois se transferiu para Maceió, para estudar o curso secundário. Foi para o Rio de Janeiro tentar a carreira militar na Escola de Realengo, sendo desligado em dezembro de 1924 por motivo de saúde. Permaneceu no Rio de Janeiro e prestou exame vestibular para a Faculdade de Medicina, hoje, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1925. Em 1930 conclui o curso e retorna a Palmeira dos Índios.
Medicina foi a sua paixão e sua principal atividade até se aposentar. Mas a política ocupou boa parte do seu tempo e foi uma atividade exercida com dedicação e quase que em tempo integral. Mello Motta foi eleito deputado pela primeira vez em 1934; foi eleito em 1947 e reeleito em 1950. A marca cunhada como parlamentar foi a defesa da legalidade e da liberdade. Como católico, era o principal representante da Igreja no parlamento alagoano.
Com o fim da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas e a redemocratização do Brasil, Mello Motta se candidata a deputado estadual pela União Democrática Nacional (UDN), em 1946, e é eleito. Em 1º de novembro de 1945 funda o jornal Diário do Povo, que seria o porta-voz da UDN. Outros dirigentes da UDN fazem parte da redação do jornal, como Rui Palmeira, Segismundo Andrade e Donizeti Calheiros.
A oposição liderada pelos deputados udenistas e pelos comunistas levou o governador Silvestre Péricles a empastelar o jornal dos comunistas A Voz do Povo em 7 de maio de 1947. A próxima vítima foi o Diário do Povo, no dia 22 de dezembro de 1949.
O deputado Mello Motta tentou reabrir o jornal e viajou ao Rio de Janeiro, onde se encontrou com Assis Chateaubriand, diretor dos Diários Associados; propôs um contrato para que o Diário do Povo fosse rodado nas oficinas do Jornal de Alagoas. Ao que Chateaubriand lhe disse: “As forças que desrespeitando o direito à livre manifestação do pensamento fizeram silenciar o jornal que representava a voz do pensamento político da UDN, em Alagoas, serão capazes de fazer o mesmo com o jornal que me pertence. Não quero, pois, ter o meu jornal destruído, em Alagoas, porque, também, dificilmente poderia restaurá-lo”.
Silvestre Péricles de Góis Monteiro foi o governador mais violento da história de Alagoas. Ordenou a destruição de jornais que lhe faziam oposição, assim como patrocinou assassinatos de adversários políticos.
Lourival de Mello Motta enfrentou a fúria do governador Silvestre Péricles sem tergiversar, sem temer.
Fonte:
Mello Motta, Retrato de uma época, Maceió, Edufal, 1984, p. 512
https://www.historiadealagoas.com.br/lourival-de-mello-motta.html
1 Comentário
Salve o grande alagoano! Lourival de Mello Motta