13 de fevereiro de 2020 7:30 por Marcos Berillo
O pesquisador Francisco Reynaldo Amorim de Barros (1934) nasceu em São Paulo, mas é descendente de família alagoana, na infância viveu entre São Paulo e Maceió, os pais voltaram a morar em Alagoas e o menino Francisco Reynaldo vivencia a infância entre dois vales, o do Paraíba e do Mundaú, morou em Viçosa, Capela, Pilar e União dos Palmares. Em seguida vem estudar em Maceió, iniciando o curso primário no Grupo Modelo do Instituto de Educação.
A vida de menino travesso que se aventurou a montar em um burro, sem cabresto e sela, anos depois se refere ao evento: “o que pode ser demonstração de coragem, mas não de inteligência, termina com um acidente que o obriga, por contingências médicas, a se operar em São Paulo. Permanece nesta última cidade – onde completa o primário, faz o ginasial e o clássico com os maristas do Colégio Arquidiocesano -, até 1953 quando se muda para o Rio de Janeiro, pois seus pais haviam deixado Alagoas para viver na então Capital Federal. Cursa a Fundação Getúlio Vargas em uma das primeiras turmas que se formam em Administração Pública”.
O início da sua longeva vida profissional foi como pesquisador no famoso Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), entidade criada para pensar o Brasil e o seu futuro. Os principais quadros formuladores do projeto de desenvolvimento nacional e fundadores do ISEB foram: Hélio Jaguaribe, Guerreiro Ramos, Cândido Mendes de Almeida, Álvaro Vieira Pinto e Nelson Werneck Sodré.
Para esses intelectuais, o Brasil só poderia ultrapassar a sua fase de subdesenvolvimento pela intensificação da industrialização. A política de desenvolvimento deveria ser uma política nacionalista, a única capaz de levar à emancipação e à plena soberania.
Francisco Reynaldo teve o privilegio de estudar e conviver com esses importantes pensadores brasileiros. O projeto foi interrompido com o golpe-militar de 1964, logo após o golpe vai fazer um curso de pós-graduação em ciências políticas, na Universidade George Washington, na capital dos Estados Unidos.
Ao regressar dos EUA é integrado como professor, a equipe da Fundação Getúlio Vargas, que acabara de criar a Escola Interamericana de Administração Pública.
Em 1974, atendendo ao apelo de Alysson Paulinelli, que assumira o Ministério da Agricultura, embrenha-se pelo cerrado brasileiro iniciando uma profícua experiência como servidor público. O trabalho no ministério sofre a força telúrica e, embora integrado ao grupo de assessores mineiros, é o elo de ligação e defensor do Nordeste, em especial de Alagoas.
Francisco Reynaldo resolveu dedicar mais tempo aos projetos da região, entre outros projetos, o que ampliou o apoio, inclusive financeiro, à Colônia Pindorama, extraordinária experiência de cooperativismo implantada no município de Coruripe.
Deixa o Ministério da Agricultura e passa a trabalhar no Senado Federal. Mas, quando José Sarney assume a Presidente da República, em 1985, é chamado pelo próprio Sarney para assessorá-lo.
Quando se aposentou ao contrário de muitos decidiu escrever o que viria a ser a maior obra de consulta sobre Alagoas, o ABC das Alagoas: dicionário biobibliográfico, histórico e geográfico de Alagoas com mais de 11.900 verbetes, publicada pela editora do Senado Federal, a primeira edição é de 2005, a segunda edição saiu em 2015, e a terceira edição revista e ampliada foi lançada em 2017, pela mesma editora.
2 Comentários
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Obrigado, Selma. Fique certa que iremos nos esforçar para manter o padrão.