14 de fevereiro de 2020 1:41 por Marcos Berillo
A greve nacional dos petroleiros completa 14 dias e a categoria alerta que “a intransigência da Petrobras em abrir diálogo com os trabalhadores pode causar desabastecimento de combustíveis no país”. A paralisação é uma tentativa de reverter as demissões em massa que atingem petroleiros. Também fazem parte da pauta o cumprimento do acordo coletivo de trabalho, a luta contra o desmonte da Petrobrás e as privatizações
A adesão dos trabalhadores ao movimento cresce diariamente e já mobiliza 116 unidades, em 13 estados do país. Alagoas e Sergipe estão entre os estados que pararam.
Em nota, onde reafirma a manutenção da greve, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) destaca que “a Petrobrás tem o papel social de abastecer a população brasileira, mas a atual gestão da empresa quer mudar isso”.
A entidade diz ainda que “o fechamento de fábricas e a venda de refinarias aumentam o desemprego no país e pesam no bolso da população, que já sofre com os preços abusivos dos combustíveis. O que queremos é garantir os empregos e preços justos para o gás de cozinha, a gasolina, o diesel”, informam os petroleiros, por meio da federação representativa.
Criminalização
Segundo ainda a FUP, a “Petrobrás, no entanto, não aceita negociar com os sindicatos e tenta criminalizar a greve dos petroleiros, mentindo para o Judiciário. Buscamos cumprir as condições determinadas pela justiça, mas a atual gestão não quer permitir que assumamos os efetivos das unidades para aumentar a produção e reduzir os preços dos derivados de petróleo”.
De acordo com a federação, “o objetivo do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, é colocar a população contra nós, trabalhadores, culpando os grevistas por um possível desabastecimento que venha a ocorrer. Se isso acontece, a culpa é da intransigência dos gestores. Por isso, alertamos a população para que fique atenta. A direção da Petrobrás poderá provocar de forma premeditada desabastecimentos em algumas regiões do país”.
E reafirmam os petroleiros que a greve não tem como objetivo desabastecer a população. “Nossa greve é a favor do Brasil. Lutamos por empregos e para que a Petrobrás cumpra o papel social para o qual foi criada: garantir o abastecimento de norte a sul do país, com preços justos para toda a população”.
Outro lado
A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) enviou nesse quinta-feira ofício ao TST (Tribunal Superior do Trabalho) alertando para o risco de desabastecimento com a paralisação. No ofício, a ANP informa ainda que tem mantido das unidades com equipes de contingência, porém alerta que “tal solução não se sustentará ao longo do tempo, podendo causar impactos na produção de petróleo, gás natural e seus derivados”.
Ações judiciais foram impetradas pela Petrobras contra a greve. Nelas, a empresa reclama que os sindicatos, não estão cumprindo determinação do TST de manter o efetivo mínimo de 90% de pessoal.