30 de junho de 2020 10:57 por Thania Valença
A Braskem (BRKM5) aparece em segundo lugar na lista de empresas cujas ações mais caíram no mercado financeiro, na semana passada, conforme especialistas que analisam dados do Ibovespa, a bolsa de valores de São Paulo. A queda, registrada na última sexta-feira, 26, chegou a 10,86%.
A empresa, diz a analista financeira Katherine Rivas, do Investnews, apesar de ser monopolista no setor petroquímico, “entre idas e vindas ainda não se recupera do legado da Odebrecht e enfrenta problemas ambientais em Alagoas”. A Braskem é apontada como responsável por desencadear todo o problema da instabilidade do solo no bairro do Pinheiro e áreas vizinhas, em Maceió, o que levou a remoção de mais de 20 mil famílias.
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Ainda na sexta-feira, 26, o Santander reduziu o preço-alvo dos papéis da companhia para R$34 e manteve a recomendação neutra. Rivas revela que “pesam na empresa a incerteza da demanda por polietileno e polipropileno”.
Contudo, continua a analista, do lado positivo preços mais baixos do nafta e a depreciação do real podem ainda ajudar nos resultados da Braskem. A petroquímica deve ter declínio anual de 35% no Ebitda este ano, segundo projeções do banco.
O Ebitda é um indicador muito utilizado para avaliar empresas de capital aberto, que mostra quanto a empresa está gerando com suas atividades operacionais. O indicador permite aos investidores descobrir qual é a realidade financeira da companhia e se ela está melhorando sua competitividade e a sua eficiência ano a ano.
Na análise, que revelou a situação de outras quatro empresas com ações no mercado, Katherine Riva disse que A onda da Covid-19, avançando a todo vapor nos EUA, deixou os investidores em sinal de alerta. “No Brasil, que já acumula 55 mil mortes pelo coronavírus, a realidade não é muito diferente. Estados que flexibilizaram a quarentena regridem com o aumento de infecções” – declarou.
Segundo ela, o mercado não voltará ao mesmo patamar de quando a pandemia iniciou. Citando, Eduardo Cavalheiro, gestor da Rio Verde Investimentos, Rivas ressalta que o mercado já conheceu os efeitos do coronavírus na economia, e sabe que embora seja necessário fechar algumas cidades novamente, uma hora tudo volta a reabrir. “A pandemia não é mais um negócio desconhecido, esta semana operamos em queda provavelmente na próxima semana também, mas teremos retomada”, afirma Cavalheiro.
O consultor declarou ainda que, além de conhecer o comportamento do coronavírus, os investidores estão mais dispostos a correr riscos com as expectativa da retomada. “Temos mais compradores e com a Selic em queda mais pessoas devem entrar na renda variável mesmo neste cenário, com a expectativa da economia voltar”, disse ele.
Maiores quedas
Entre as 5 ações que mais caíram na semana, Cavalheiro destaca que apenas a BR Malls (BRML3) não tem problemas de fundamento. As outras companhias que figuram entre as maiores quedas sofrem há anos graves problemas de gestão e operacionais.
É o caso da Cielo (CIEL3), maior queda da semana, que recuou 18,77% no acumulado. A Cielo é aquela história do príncipe que virou sapo. Há pelo menos 3 anos, a companhia vê suas ações despencarem. Antes da guerra das maquininhas começar, a Cielo vivia em um mercado duopolista dividindo espaço com a Rede do Itaú. Com o surgimento de novas concorrentes, inovadoras e super agressivas, como PagSeguro, Stone, entre outros, os papéis só amarguraram perdas sem nenhuma chance de retorno.
A Cielo ficou esquecida, sem criatividade para combater nessa guerra. Mas, recentemente a notícia de que o Whatsapp fecharia uma parceria com a companhia para fazer pagamentos por meio da plataforma agitou os mercados. As ações dispararam. “Cielo era o tipo de empresa que era destaque de short na bolsa. Muitos vendiam a Cielo para comprar qualquer outra ação. Com a novidade do Whatsapp tiveram que comprar Cielo novamente”, explica Cavalheiro.
A novidade dos pagamentos pelo Whatsapp colocaria a companhia na frente das concorrentes, não fosse o Cade que num piscar de olhos acabou com o conto de fadas. A Cielo voltou a ser o que ela era, e embora a postura do Cade não seja definitiva, o mercado precificou para a queda.
Entre as que foram novamente afetadas por esta segunda onda da Covid-19 estão a CVC (CVCB3) e Embraer (EMBR3) que recuaram 10,79% e 10,62%, respectivamente.
Cavalheiro avalia que a Embraer passa por uma situação bem delicada. Desde que a pandemia começou sofreu duas feridas de morte: o divórcio com a Boeing e a devolução de aviões da Azul. Nas últimas semanas, com o plano do governo para socorrer a companhia, o BNDES aprovou um empréstimo de R$ 1,5 bilhão. “A solução seria encontrar outro comprador para a companhia no lugar da Boeing. Esta ajuda financeira é apenas um paliativo”, defende o gestor.
A BR Malls (BRML3) seria a única companhia sem problemas de base, afetada apenas pela retração econômica. Com os shoppings reabrindo em horário reduzido e alguns estados voltado à quarentena o impacto na receita é apenas conjuntural. Na semana, a companhia recuou 10,07%.
Confira as 5 maiores quedas da semana:
Ação | Queda |
Cielo (CIEL3) | -18.77% |
Braskem (BRKM5) | -10.86% |
CVC Brasil (CVCB3) | -10.79% |
Embraer (EMBR3) | -10.62% |
BR Malls (BRML3) | -10.07% |