segunda-feira 6 de maio de 2024

Acampamento São José: 17 anos de resistência nas Terras de Atalaia

No lugar onde vivem, as famílias se organizam para a lavoura de itens básicos da alimentação como milho, batata doce, inhame, feijão de corda, macaxeira, abóbora, entre outros

7 de julho de 2020 12:21 por Marcos Berillo

No acampamento, famílias se organizam para a lavoura de itens básicos da alimentação | MST/AL

Rafael Soriano (MST) – Desde a primeira ocupação onde hoje se firma o território do acampamento São José já se vão 17 anos, de lutas, enfrentamento, plantio e partilha, organizados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Na Zona Rural do município de Atalaia (a 45 km de Maceió), o acampamento abriga mais de 70 famílias que vivem da terra e dela tiram seu sustento, alimentando a cidade. Durante todo este tempo os camponeses organizados resistiram ao desejo de um consórcio de fazendeiros e políticos, ligados as oligarquias locais e estaduais, de reconcentrar a terra.

No lugar onde vivem, as famílias se organizam para a lavoura de itens básicos da alimentação como milho, batata doce, inhame, feijão de corda, macaxeira, abóbora, entre outros. Mas também ali, a organização visa o estudo, a cobrança por direitos perante o poder público e uma vida de prosperidade. As crianças estudam na Ciranda Dorcelina Folador e em outras escolas da vizinhança, e no acampamento tem aulas na modalidade Educação de Jovens e Adultos, para que todos tenham a oportunidade que lhes foi negada pelo Estado, de aprender a ler e escrever.

Durante essa história, as famílias já resistiram a mais de doze tentativas de despejo, num dissídio que antagoniza trabalhadores rurais e um consórcio de latifundiários, ligados a políticos regionais. Nas várias tentativas de expulsar os camponeses, o apoio solidário da sociedade civil de Alagoas sempre foi fundamental para a resistência dos camponeses e a sensibilização do poder público, agregando universidade, sindicatos, igreja e diversos outros setores.

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No acampamento, famílias se organizam para a lavoura de itens básicos da alimentação | MST/AL

Honra de sangue

Segundo os acampados, a área tem um significado que transcende a luta daqueles que ali vivem, é “honra de sangue”. O território se torna emblemático para o MST, pois neste solo tombou uma das grandes lideranças do Movimento na região, Jaelson Melquíades, assassinado em 2005 a mando dos fazendeiros e políticos locais.

“A luta dos que vieram antes de nós, como Jaelson, Chico do Sindicato e José Elenilson (todos assassinados em Atalaia em conflitos por terra) tem um valor que nos anima a resistir e mobilizar para que essa área vire um assentamento de Reforma Agrária”, sinaliza o MST.

Entre as propostas apresentadas no mês de junho para o Governo do Estado de Alagoas pelo conjunto dos movimentos populares agrários, no Plano emergencial por garantia da produção de alimentos e abastecimento popular, está a aquisição da área onde fica o acampamento São José, por seu teor emblemático para sanar conflitos por terra no estado.

No acampamento, famílias se organizam para a lavoura de itens básicos da alimentação | MST/AL

Contexto

As terras da antiga Usina Ouricuri, em Atalaia (AL), são palco de um dos mais arrastados conflitos no campo alagoano. Após a falência da Usina no início da década de 1990, uma massa de trabalhadores rurais tinha na divisão das terras a esperança de uma compensação histórica pela miséria e caos gerado no contexto social. Este interesse coletivo esbarra, entretanto, na ganância secular de uma classe agrária que concentra terra, renda e poder.

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