terça-feira 7 de maio de 2024

Aurélio Viana, uma liderança socialista

8 de agosto de 2020 7:39 por Geraldo de Majella

Aurélio Viana sendo levado pelos trabalhadores na Guanabara

O professor Aurélio Viana de Cunha Lima nasceu em Pilar (AL), no dia 9 de junho de 1914, filho de José Viana da Cunha Lima e de Maria Pinheiro Viana. Iniciou os estudos em Maceió, no Grupo Escolar Diégues Júnior, transferiu-se para o Colégio Batista, no Rio de Janeiro, e depois para o Colégio Salesiano de Recife, onde concluiu os estudos secundários. Na capital pernambucana estudou contabilidade, cursou filosofia na Faculdade de Filosofia Manuel da Nóbrega, e geografia e história na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Católica de Pernambuco. Na mesma universidade iniciou direito, concluindo na Faculdade de Direito de Alagoas, em Maceió.

Exerceu o magistério como professor de português do Colégio Guido de Fontgalland. Em 1945, com a redemocratização do país, inicia a participação na vida política no movimento que logo foi denominado de Esquerda Democrática (ED). Tinha composição heterogênea, jovens intelectuais socialistas, marxistas, cristãos e políticos que fizeram oposição a Getúlio Vargas em nível nacional; em Alagoas, as características eram parecidas, mas não havia comunistas. O núcleo majoritário da Esquerda Democrática fundou a União Democrática Nacional (UDN); a ED, a parte minoritária, rachou e fundou o Partido Socialista Brasileiro (PSB).

A União Democrática Nacional (UDN) surge como partido antigetulista e tem na sua formação personalidades do mais amplo espectro político e ideológico, com perfil liberal, socialista, marxista, contando com empresários, banqueiros, latifundiários e intelectuais com histórico de luta contra a ditadura do Estado Novo.

Aurélio Viana não teve força política suficiente para criar o PSB; lança-se candidato a deputado estadual em 1947, pela UDN, e é eleito deputado constituinte para a Assembleia Legislativa de Alagoas.

Aurélio Viana

A fundação do PSB deu-se no dia 4 de julho de 1950, uma consequência direta da hegemonização das forças políticas conservadoras existentes na UDN. O partido que surge, a UDN, como uma força para unir os democratas e liberais que lutaram contra a ditadura do Estado Novo, não demorou muito tempo para assumir posições conservadoras, mesmo tendo em suas fileiras históricos defensores da democracia e setores de esquerda.

Aurélio Viana, destaca-se na atividade parlamentar e passa a ser uma liderança da oposição ao governo de Silvestre Péricles. O jovem parlamentar com base eleitoral urbana sente o crescimento do seu prestígio entre os eleitores e, na mesma proporção, a pressão interna conservadora dos líderes udenistas. Nas eleições de 1950, trabalha com independência; o PSB, presidido por ele, faz coligação com a UDN. É reeleito e procura abrir espaço na política alagoana.

Em 1955, o PSB muda sua tática eleitoral, coliga-se com o PSP e ajuda a eleger Muniz Falcão governador de Alagoas. Aurélio Viana elege-se deputado federal, sendo reeleito em 1959. Nesse momento já é uma liderança nacional dos socialistas. Em 1955, assume a vice-presidência nacional do PSB e é escolhido pela bancada como vice-líder do PSB de 1955 a 1961; em 1962, é escolhido líder do PSB na Câmara dos Deputados; e quarto vice-presidente da Frente Parlamentar Nacionalista em 1963.

Muniz Falcão (centro), Aurélio Viana, no lado direito e José Sebastião Bastos, no lado esquerdo.

A legislação eleitoral permitia, e o PSB, em 1962, apresenta o nome de Aurélio Viana para disputar uma vaga para o Senado no estado da Guanabara. É eleito, numa coligação formada pelo PSB e PTB, com o apoio dos comunistas, derrotando Juracy Magalhães, candidato da UDN. A campanha foi realizada em conjunto com Leonel Brizola, candidato a deputado federal pela Guanabara.

A trajetória política de Aurélio Viana é diferenciada dos demais políticos de Alagoas. Após o golpe militar, foi o relator do projeto de lei que originou o Estatuto da Terra, com o qual se criou formalmente o instrumento institucional destinado a adequar a estrutura agrária brasileira.

Em 1965, o PSB rachou na Guanabara. O motivo foi a sua candidatura ao governo. O apoio de setores da Igreja Católica e de outras denominações protestantes lhe daria musculatura na campanha, porém, não obteve a adesão integral do partido. Dividido entre os grupos liderados por Bayard Boiteux achava-se o grupo que sustentou sua candidatura. A direção do PSB, para não criar maiores problemas, liberou os militantes para cada um optar qual candidatura apoiar. O outro grupo, liderado por Jamil Haddad trabalhou para o candidato Francisco Negrão de Lima, da aliança PTB-PSD. Negrão de Lima foi o vitorioso no pleito, obtendo 582.026 votos; Aurélio Viana teve apenas 25.841.

O candidato apoiado por Carlos Lacerda, governador da Guanabara, Carlos Flexa Ribeiro, ficou em segundo lugar. O resultado dessa eleição e mais a vitória de Israel Pinheiro (PSD) em Minas Gerais motivaram uma crise político-militar que teve como consequência imediata a promulgação, em 27 de outubro de 1965, do Ato Institucional nº 2 (AI-2), que dissolveu os partidos políticos e instaurou o sistema de eleições indiretas para o governo dos estados.

No sistema bipartidário imposto pela ditadura militar, Aurélio Viana filia-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Em fevereiro de 1966, foi eleito líder do MDB no Senado, permanecendo até 1970. O ano de 1968 é marcado por manifestações de oposição ao regime, lideradas pelo movimento estudantil. Ao lado dos senadores Josafá Marinho, da Bahia, e Mário Martins, da Guanabara, Aurélio Viana destaca-se nos ataques à repressão policial e na defesa da liberdade de manifestação dos estudantes.

Em 1970 sofreu um tremendo golpe, sendo impedido de candidatar-se à reeleição ao Senado pela Guanabara. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indeferiu seu pedido para concorrer com o título de eleitor registrado em Alagoas, como vinha fazendo nas eleições anteriores. Não lhe restou alternativa; voltou a Alagoas e foi, em companhia do advogado Mendes de Barros, pela legenda do MDB, disputar uma das duas vagas para o Senado. Foram derrotados pelos candidatos da ditadura, os ex-governadores Luiz Cavalcante e Arnon de Mello.O mandato de senador terminou em 1971; é o fim da longa e incomum carreira política. Permaneceu residindo em Brasília e passou a representar a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), da qual era professor titular, junto ao Ministério da Educação e Cultura. Tendo sofrido vários acidentes vasculares cerebrais (AVCs) no final dos anos 1980, seus familiares solicitaram o seu desligamento da Ufal. O pedido não foi aceito de imediato.

Aurélio Viana faleceu e foi sepultado em Brasília no dia 21 de março de 2003.

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