18 de agosto de 2021 8:00 por Geraldo de Majella
O ex-vereador, ex-dirigente sindical e militante histórico do Partido Comunista Brasileiro (PCB) Nilson Amorim de Miranda desembarcou no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, no dia 15 de maio de 1979 e foi recepcionado pelo advogado de presos políticos Humberto Jansen, os deputados do MDB Heloneida Studart e Raimundo de Oliveira, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, Carlos Alberto de Oliveira (Caó) e o irmão mais velho e radialista Haroldo Amorim de Miranda.
Após os cumprimentos e um abraço demorado entre os irmãos que não se viam fazia quinze anos, o delegado da Polícia Federal, Miguel Lacerda, conduziu Nilson Miranda para a sala da PF, onde foi interrogado na presença do advogado Humberto Jansen. Nilson, seguiu depois de horas de depoimento para o Grande Hotel OK, na Cinelândia.
Nilson Miranda durante os quinze anos de exílio viveu em Moscou, Paris e Lisboa tendo trabalhado como jornalista em periódicos vinculados a esquerda e ao PCB.
Em Paris, no dia 2 de janeiro, Nilson Miranda foi entrevistado pelo correspondente do Jornal do Brasil: “Não quero voltar ao Brasil como cidadão de segunda classe, sem possibilidade de trabalhar, sem poder exercer meus direitos sindicais e políticos. Claro que tenho, como todos, pressa em retornar, mas vou aguardar até março para ver como as reformas serão aplicadas”. No dia 15 de maio desembarcou no Rio de Janeiro.
O Diário de Pernambuco, na edição de 22/5/79, p. B-5, abriu manchete: Exilado chora no retorno a Maceió. Nilson Miranda, ao desembarcar no aeroporto dos Palmares (era o antigo nome) foi recebido por membros da Sociedade Alagoana de Defesa dos Direitos Humanos (SADDH), que abriram uma faixa: Anistia ampla, geral e irrestrita. O jornalista veio acompanhado do senador Teotônio Vilela, presidente da Comissão Mista sobre Anistia do Congresso Nacional.
Nos anos que se seguiram à Anistia, Nilson Miranda se reintegrou à vida profissional e política, foi eleito diretor do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas e tesoureiro da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Comunicação e Publicidade (Contcop). Disputou duas eleições ‒ para prefeito de Maceió e deputado estadual ‒, mas não foi eleito.
Aos 88 anos, Nilson Miranda mora em Porto Alegre, onde viveu clandestinamente antes de ir para o exílio. Hoje curte a sua velhice no frio gaúcho.