17 de setembro de 2021 10:46 por Mácleim Carneiro
Sou adepto de que as coisas devem ser movidas a provocações. Por isso, na última quinta-feira, dia 16 de setembro, comemorou-se 204 anos da Emancipação Política de Alagoas. A denominação da data por si só já diz tudo! Principalmente, quando descobrimos ser irrefutável o fato de que, ao sermos emancipados por D. João VI e desde então eximidos da tutela de Pernambuco, estamos até hoje reféns das estripulias políticas da “elite” alagoana e seus postulantes. Aliás, verdadeiros mestres que são, há muito desbancaram a fama dos mineiros na arte do fazer política.
É evidente que o exercício da política profissional, nos tempos atuais, exige de quem decide entrar nessa arena (sem trocadilho), que, em algum momento, tenha de abrir mão de certos princípios éticos e morais. Essa prática, por definição, parece ser a condição sine qua non para os políticos trafegarem com desenvoltura nesse métier. Quem não estiver disposto a esse tipo de concessão, nem consegue entrar no jogo!
Porém, o assunto aqui é a Emancipação Política de Alagoas, observada sob outro ponto de vista, é claro! Sendo assim, não vou me ater à velha página histórica do nosso passado. Até porque, a história de 1817 é, literalmente, outra história. Nebulosa e sob o signo da traição, embora alguns insistam em defender uma versão mais purista e gloriosa. Entretanto, não deve ser à toa que, apesar de pequenino, Alagoas é fértil em gerar expoentes políticos, que vão desde Deodoro, passando por Floriano, até chegar ao embuste do caçador de marajás e os demais contemporâneos, que aqui são forjados no alpinismo social e político e depois galgam notoriedade nacional. Deve haver alguma explicação lógica para tanta “eficácia”, nem que seja no caldo do sururu.
Brasil Colônia
Contudo, maquiavelicamente, a política praticada pela elite alagoana não é nem foi capaz de gerar desenvolvimento e bem-estar para o povo. Pelo contrário, ainda continuamos a reboque do nosso antigo tutor e, em vários setores, somos sinônimos de atraso e desconstrução da condição humana. São mais de dois séculos de Emancipação Política, que nos foi presenteada, e ainda não conseguimos evoluir de uma economia primária e suas esdrúxulas relações patronais, que remontam à época do Brasil Colônia. Culturalmente, nossos jovens formam bandas que copiam a estética da música feita em Pernambuco ou na Bahia. O que, de certo, autorizou o Lenine (compositor pernambucano), em um show realizado em Maceió, a dizer que se sentia no quintal de casa.
Então, essas comemorações que as autoridades promovem, para louvar a Emancipação Política de Alagoas, só fazem sentido sob a micro óptica direcionada ao núcleo da questão. Daí, que, a cada ano, tornam-se mecânicas e, evidentemente, revelam-se uma mera obrigação cívica, imposta pelo Estado. Portanto, só valem a pena quando caem num belo dia de sol, para que os alagoanos possam gozar um dia a mais de praias e água fresca.
No +, MÚSICAEMSUAVIDA!!!