13 de julho de 2022 1:48 por Da Redação
Por Orlando Silva (PCdoB/SP)*
Quando soube do assassinato de Marcelo Arruda fiquei perplexo, chocado.
Passei o dia de ontem (10) tentando compreender o fato, o que ele sinaliza e suas consequências. Decidi não ir à sessão do Congresso Nacional, e segui para Foz do Iguaçu para acompanhar o velório e o sepultamento. Não compreendo como as lideranças políticas aceitam naturalizar fato de tamanha gravidade.
Sai do funeral devastado! Não conhecia Marcelo pessoalmente. Mas os depoimentos foram muito emocionantes. Fui acolhido por todos com tanto afeto que me senti totalmente integrado àquela cerimônia de despedida.
Antes de fechar definitivamente o caixão, três cenas me tocaram profundamente.
A sua esposa, aos prantos, aproximou o bebê do corpo do pai como se tentasse permitir que ele se despedisse de um homem que nunca conhecerá. Essa filha de Marcelo tem um mês de idade.
Um guarda municipal que trabalhou com Marcelo por 25 anos, e inúmeras vezes dividiu a mesma viatura na ronda, anunciou cada conquista que servidores públicos alcançaram sob a liderança daquele companheiro. A última foi na véspera do assassinato. O ganho no nosso holerite que todos receberam tem a marca dele.
Surgiu um amigo de 27 anos, que esteve na festa. Para surpresa de muitos que acompanhavam o funeral, ele lembrou que “bolsonaristas” foram ao aniversário e esse traço até dava graça à festa. A gozação estava em surpreendê-los com fotos de Lula, que decoravam o encontro. Quando o assassino entrou e gritou lá fora “aqui é Bolsonaro”, a turma pensou que seria mais um pronto pra se divertir. E Marcelo até se dar conta do que se tratava, ostentava um sorriso no rosto.
Não é natural uma pessoa assassinar outra por divergência política. O discurso de ódio precisa ser enfrentado. Nossa única alternativa é isolar e derrotar o atual presidente, e isso exigirá amplitude, coragem e determinação.
Por Marcelo, pelo Brasil.
*É presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados