sábado 27 de abril de 2024

A vez e a voz: cuidando da saúde física e emocional

Especialistas destacam valiosa participação de outros profissionais para prevenção, cuidados e tratamento da voz

29 de novembro de 2022 11:13 por Da Redação

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Por Maria Tereza Pereira*

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define Saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Sendo assim, é muito mais que ausência de doenças. A interdisciplinaridade e as ações conjuntas entre profissionais da saúde trazem importantes benefícios para o indivíduo.

O 082 Notícias esteve conversando com dois importantes desses profissionais que cuidam da saúde da voz. Durante a entrevista, os especialistas Geová Amorim (fonoaudiólogo e professor) e Rodrigo Teixeira (musicoterapeuta e maestro) comentaram sobre a valiosa participação de outros profissionais para prevenção, cuidados e tratamento da voz.

A fonoaudiologia é uma ciência que tem uma vasta atuação, a sua participação vai do nascimento à senescência. Logo, uma série de alterações relacionadas à motric

idade orofacial, linguagem, disfagia, audição e voz podem afetar desde crianças até idosos. O fonoaudiólogo Geová Amorim, especialista em voz, mestre em ciências (Distúrbios da Comunicação) e doutor em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento, docente da Universidade Federal de Alagoas, conversou a respeito do assunto.

“A nossa voz conta uma história a nosso respeito”, afirma o professor Geová Amorim. Lembrou que algumas instituições têm um fonoaudiólogo, que atende pelo SUS e pode dar atenção as diversas demandas que a comunicação sucinta.

Professor Geová Amorim | Acervo pessoal

O Consenso Nacional da Voz Profissional definiu, em 2004, voz profissional como a forma de comunicação oral utilizada por indivíduos que dele dependem diretamente para exercer sua atividade ocupacional.

Entre os profissionais que dependem diretamente da voz para exercer seu trabalho, denominados profissionais da voz estão: professores; cantores; atores; profissionais de Comunicação (repórteres, radiojornalistas, telejornalistas, locutores, apresentadores, etc.); operadores de telemarketing; profissionais de setores da indústria e comércio (coordenadores, supervisores de vendas, vendedores); padres; pastores; fonoaudiólogos; musicoterapeutas (cantoterapeutas); profissionais do judiciário (advogados, promotores, juízes), entre outros.

Os especialistas em cuidado e tratamento de distúrbio da voz apontam que desde que nascemos, já temos nossa própria voz. E sua manifestação vem por meio de: choro, grito, riso, sons da fala. O som emitido é formado pelas pregas vocais (cordas vocais), produzida pela laringe, ressoa através do ar que vem dos pulmões, que quando chega à laringe induz as pregas vocais a vibrarem, após passar por ela entra nas cavidades da garganta (boca e nariz). O som se modifica com as estruturas da língua, do formato do lábio, dos dentes e do palato, originando as palavras desejadas.

Rodrigo Andrade Teixeira, mestre na área de Educação em Saúde com base na prática do Canto Coral no ambiente da extensão universitária e educação interprofissional, doutor em Saúde Pública (Saúde Coletiva), especialista em musicoterapia (A identidade Sonora e suas aplicabilidades). Premiado com a Comenda Heitor Villa Lobos, quatro vezes Maestro Destaque em Alagoas. Professor da Universidade de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal).

Maestro e musicoterapeuta Rodrigo Andrade Teixeira | Arquivo pessoal

A musicoterapia é a ciência que se dedica por meio de recursos específicos, a reabilitação de doenças neurológicas e as que trazem sofrimento psíquico. Trabalha entre várias formas com ou sem estímulos musicais, conhecendo e adequando o tratamento adequado para o cliente. Os recursos são utilizados para resolução de vários distúrbios, incluindo da voz, da fala e da linguagem.

Canto e fala estão interligados e o especialista em cantoterapia e musicoterapia precisa ter domínio em seu conhecimento. Segundo Rodrigo Teixeira, os recursos são bem específicos, o que diferem da questão artística e estética, “o viés terapêutico trabalhado na musicoterapia”, pode ser instrumental ou em silêncio, observando criteriosamente as emoções e a linguagem não verbal.

Entre os benefícios trazidos por meio do trabalho do musicoterapeuta, está o de proporcionar ganhos ao aguçar os sentidos. O tratamento é individual ou em grupo, visando auxiliar melhorias em transtornos de ansiedade, depressão, autismo, acompanhando as diversas necessidades.

Sabendo que o cérebro processa a música em ambos hemisférios, este recurso estimula habilidades como desenvolver melhor a fala e a linguagem. É importante que o cliente procure um profissional que seja graduado, registrado em órgãos como associação estadual de musicoterapia e na união brasileira de musicoterapia.

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Saúde vocal

E sobre a atuação da fonoaudiologia é importante destacar os principais desconfortos vivenciados por profissionais que trabalham com a voz falada e cantada são: rouquidão, falhas na voz, quebras de sonoridade, fraqueza, tremor vocal, dificuldade de falar, falar forte e fraco.

Para o fonoaudiólogo Geová Amorim, a alteração da voz precisa de atenções específicas. A disfonia vai desde dificuldades em manter um tom de voz grave ou agudo, ou desconfortos como evitação de situações de comunicação em decorrência de desajustes vocais, que faz o falante se sentir desconfortável nas situações de comunicação. A voz de uma pressão precisa ser autêntica para que consiga criar uma boa percepção junto aos seus interlocutores. A missão do fonoaudiólogo nesse contexto é ajudar o cliente a desenvolver sua produção vocal para que o cliente cada vez mais, tenha vez e voz.

O professor Geová comentou que é importante trabalhar com outros profissionais em situações específicas como endocrinologista, otorrino, professor de canto. Por exemplo, tem uma fase na vida da criança na transição para adolescência que é a “muda vocal”, período de várias mudanças físicas e hormonais, que afetam a vida dos adolescentes por causa das mudanças ocorridas nesse período e duram em torno de 3 a 6 meses. Não afeta de forma impressionista a voz das meninas. Por outro lado, é um momento muito difícil para os meninos, pois a voz fica oscilando entre tons graves e agudos, alguns desconfortos por essas situações geram bullying. Profissionais como endocrinologista e psicólogo, sempre ajudam nesse momento.

a) 1,2,3 cornetos do nariz; b) nariz; c) boca; d) epiglote; e) esôfago; f) laringe; g) traqueia; h) brônquios; p) pulmões

Reabilitação

Questões específicas na fonoaudiologia auxiliam clientes que vivenciam síndromes específicas e doenças degenerativas no tocante a aspectos relacionados a respiração, deglutição, trabalha a voz e comunicação por meio de estratégias e recursos adequados. Segundo Geová Amorim, sintomas como rouquidão, falhas na voz, cansaço, dor e ardor na garganta são sinais que necessitam de um médico especialista, que é o otorrinolaringologista, para que o mesmo faça uma avaliação do status e funcionalidade da laringe. Se sintomas dessa natureza persistirem por 10 a 15 dias, precisa ser assistido por um profissional médico e um fonoaudiólogo especialista em voz.

A fonoaudiologia trabalha, por exemplo, dentro de intervenção para os distúrbios de deglutição, voz e comunicação de portadores de tumores de tumores de cabeça e pescoço e também a pacientes que se submeteram a procedimentos ablativos nessas regiões. Na área da voz o fonoaudiologista trabalha em voz clínica, atendendo pacientes com lesões e desequilíbrios musculares nas suas pregas vocais.

O professor Geová Amorim ressaltou a importância da semana da voz, que tem por missão orientar a população a respeito dos abusos vocais cometidos. O grande propósito é reunir vários colegas fonoaudiólogos em todo Brasil e assim dar mais vez e vozes a muitas vozes.

Bem-estar

O musicoterapeuta e maestro Rodrigo Teixeira reforça a importância da interdisciplinaridade, falando dos diversos benefícios à saúde que o canto e coral pode proporcionar, desde o fortalecimento do sistema imunológico, a exemplo da possibilidade do aumento de produções de células killer até a melhora da respiração, porque cantar é uma atividade ligada ao aparelho respiratório, tendo boa parte dele relacionado ao aparelho fonador.

Em um Coro, afirma o maestro (musicoterapeuta), costumamos classificar as vozes em quatro:

• Agudos (notas mais altas), denominados Tenores (vozes masculinas), a exemplo dos cantores Xororó e Jessé;

• Graves (notas mais baixas), denominados Barítonos e Baixos (vozes masculinas), a exemplo dos cantores Renato Russo e Padre Fábio de Melo.

• Sopranos (notas mais altas), a exemplo das cantoras Sandy e Paula Toller;

• Contraltos (notas mais graves), a exemplo das cantoras Ivete Sangalo e Marília Mendonça.

O cantar, em especial o canto coral exige um conjunto de exercícios e práticas durante a execução das músicas, esses exercícios ativam a capacidade pulmonar. “Inclusive em decorrência do período mais grave da pandemia, muitas pessoas tiveram seus pulmões afetados”. Desse modo, conclui o maestro, as execuções desses exercícios auxiliaram muitas pessoas, em atendimento com atividades remotas e sempre auxiliam o fortalecimento da musculatura do aparelho respiratório. “Cantar em grupo proporciona também a agradável sensação de pertencimento, gerando e restaurando o bem-estar”, finaliza Rodrigo Teixeira.

*Especial para o 082 Notícias

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