sexta-feira 3 de maio de 2024

Semana de 4 dias é apontada como o futuro do trabalho

Três feriados prolongados em cinco semanas entre abril e maio mostraram aos brasileiros que a “semana de 4 dias” traz inúmeros benefícios; veja como o modelo é aplicado pelo mundo
Imagem: Coffeekai/freepik

Por portal Vermelho

Parte dos brasileiros pode desfrutar no mês de abril de duas semanas com apenas quatro dias de trabalho. Os feriados da Paixão de Cristo, dia 7, e de Tiradentes, 21, caíram em uma sexta-feira, o que prolongou o período de descanso. E não parou por aí, logo o Dia Internacional do Trabalho, 1 de maio, caiu em uma segunda-feira. Ou seja, em um período de cinco semanas foi possível para grande parte da população desfrutar de três semanas com apenas quatro dias de trabalho.

Apesar dos motivos para essas semanas de 4 dias serem os feriados, existe uma discussão mundial sobre o tema.

Na quarta-feira (10), a versão em português do portal alemão DW listou as vantagens e desvantagens em ter uma jornada de trabalho semanal de quatro dias.

Antes é explicado a diferença entre dois modelos de jornada de quatro dias de trabalho. Em um modelo a carga horária semanal não é reduzida, portanto os trabalhadores tem a opção de trabalhar o período todo em menos dias. Para países que adotam as 40 horas semanais são 10 horas por dia de trabalho por quatro dias, modelo já introduzido na Bélgica.

No outro modelo, a carga horária é efetivamente reduzida com a manutenção da quantidade de trabalho e do salário. Esta abordagem é chamada de “100-80-100”, como explica a DW: 100% do trabalho em 80% do tempo por 100% do salário. Este princípio foi utilizado na Islândia.

Outros exemplos trazidos são da Espanha, que tem introduzido uma metodologia em pequenas e médias empresas com manutenção dos salários e redução mínima de carga horária de 10% para 30% dos funcionários. Já na França o modelo que vem sendo utilizado é o de 35 horas semanais em quatro dias.

Entre as vantagens indicadas pela redução de número de dias de trabalho, com ou sem a redução da carga horária, são listados:

  • Menor estresse com mesma produtividade;
  • Empregados mais saudáveis;
  • Promoção da igualdade de gênero;
  • Menor rotatividade;
  • Atração de talentos;
  • Benefícios para as cidades e meio-ambiente.

Estudo britânico trazido no texto aponta que a redução para quatro dias de trabalho com funcionário britânicos indicou redução de estresse e menor risco de afastamento por esgotamento profissional. Além disso, é relatado que no universo de 61 empresas com 2.900 empregados houve diminuição de outros distúrbios e, consequentemente, melhora na qualidade de vida.

O fato de os funcionários estarem com o bem-estar mais elevado e o número de licenças médicas cair faz com que a produtividade se mantenha igual, mesmo com um dia de trabalho a menos quando a jornada é reduzida. Ou seja, deve se levar em consideração que empregados com maior tempo de afastamento geram um custo facilmente compensado com a melhora das condições trazidas pela semana de quatro dias.

Com a “semana de quatro dias” a igualdade de gênero tende a ser fortalecida, pois homens passam a se ocupar mais de tarefas domésticas e cuidados com a família. No ponto de vista da empresa, o serviço se torna mais atrativo para a equipe, o que ajuda na retenção de talentos e redução de rotatividade. Na mesma linha, as empresas que eventualmente adotem o modelo podem se tornar mais atrativas para novos candidatos que procuram um estilo de vida mais equilibrado – levando-se em conta que os jovens se interessam mais por jornadas menores do que apenas a redução de dias.

E as vantagens da semana de quatro dias também podem se desdobrar em benefícios para as cidades e meio ambiente, ainda que este aspecto precise ser melhor estudado. No entanto, a diminuição na circulação de pessoas nos transportes pode fazer, entre outras coisas, que ocorra a diminuição de emissões de carbono e de economia de energia.

Outro lado

Apesar das inúmeras vantagens que a redução do número de dias revela, ainda existem dúvidas. E se ao invés de mais bem-estar a redução de dias trouxer mais estresse para o funcionário por ter que produzir a mesma quantidade de trabalho em menor tempo? Outra dúvida destacada é uma possível ameaça a competitividade, sendo que muitos países europeus – principais exemplos da matéria – carecem de mão de obra.

Outra situação é de que uma medida adotada de forma vertical possa afetar certas categorias que teriam dificuldade em adotar o modelo de quatro dias. Em setores como segurança, saúde e transportes, dada a atividade essencial e diária, seria mais difícil aplicar o modelo.

Apesar dos questionamentos a mensagem que surge é de que a discussão é urgente, ainda mais porque os novos ingressantes no mercado de trabalho são em maioria a favor da redução do número de dias de trabalho e de carga horária.

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