terça-feira 30 de abril de 2024

CGU encontra erros nas contas de ministérios de Bolsonaro. Apenas no de Tarcísio, falhas somam R$ 20 bi

Relatórios de auditoria financeira da Controladoria-Geral da União, referentes ao último ano do governo Bolsonaro, encontraram inconsistência de R$ 202 bilhões em cinco ministérios
Foto: José Cruz/Agência Brasil

Por Redação RBA

A Controladoria-Geral da União (CGU) encontrou distorções contábeis de R$ 202 bilhões em cinco ministérios no último ano do governo de Jair Bolsonaro (PL). De acordo com o relatório da auditoria financeira publicado em abril, e divulgado na quarta-feira (19), foram encontradas inconsistências nas pastas de Agricultura, Cidadania, Educação, Infraestrutura e Saúde.

De acordo com a CGU, as falhas significam que as demonstrações contábeis não refletem com exatidão a situação patrimonial, ou o resultado financeiro e o fluxo de caixa dos órgãos.

O Ministério da Agricultura soma o maior volume, com inconsistências na ordem de R$ 142,9 bilhões. Os técnicos da CGU apontam que a maior parte desses recursos – R$ 134 bilhões – está relacionada a falhas contábeis no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Durante o governo anterior, o órgão fazia parte da pasta e tinha como presidente o general João Carlos Jesus Corrêa, dono de fazendas de gado e herdeiro de uma das maiores fortunas do Rio Grande do Norte.

Falhas no ministério de Tarcísio

Responsável pela reforma agrária, o Incra possui um patrimônio avaliado em R$ 124 bilhões em terrenos e glebas. Além de R$ 95 bilhões em fazendas, parques e reservas. O relatório detalha que foram escolhidos 155 imóveis para verificar se a avaliação era compatível com os valores de mercado. Com isso os técnicos constataram uma defasagem de 63%. Também foram verificadas falhas na contabilização dos programas Fundo de Terras, Reforma Agrária e Funcafé.

O segundo ministério com maior volume de inconsistências é o Infraestrutura, chefiado desde o início do governo Bolsonaro por Tarcísio de Freitas (Republicanos). O hoje governador de São Paulo acabou deixando o cargo no primeiro semestre do ano passado para se candidatar à disputa pelo Executivo estadual. Em sua antiga pasta, contudo, a CGU encontrou falhas de R$ 20,3 bilhões. De acordo com os técnicos há R$ 2,3 bilhões de registros equivocados nas contas de créditos a receber envolvendo concessões de aeroportos.

Até 2021, a meta do então ministro era conceder à iniciativa privada 41 aeroportos administrados pela Infraero. A privatização ainda chegou a ser destaque de sua campanha eleitoral.

Mais inconsistências

Os auditores fiscais também concluíram que as demonstrações do MEC também estão equivocadas. Na pasta, foram apontadas inconsistência de R$ 17,1 bilhões. Entre as 26 inconformidades estão imóveis usados por entidades vinculadas à Educação. O que causou uma distorção de R$ 1,1 bilhão. Assim como no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), onde foram registradas falhas de R$ 782 milhões. De acordo com a CGU, há valores diferentes reconhecidos contabilmente pela pasta em relação aos valores registrados na Caixa e no Banco do Brasil.

O relatório também cita classificação contábil incorreta de pagamentos de bolsas de estudo no exterior ofertadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e prejuízos financeiros, sociais e operacionais decorrentes de obras paradas.

Na Saúde, as falhas somam R$ 15,9 bilhões. De acordo com GCU, há erros nos controles internos de pagamento de despesas, na gestão de controle de medicamentos e perda de estoques. Em abril, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados flagrou mais de R$ 2 bilhões em insumos comprados pelo Ministério da Saúde – como medicamentos e vacinas – no lixo. Eles acabaram incinerados nos últimos quatro anos porque não foram usados dentro do prazo de validade.

A auditoria fiscal também levantou distorções de R$ 6,3 bilhões no Ministério da Cidadania. Houve falhas em controles de pagamento aos beneficiários dos programas Auxílio Brasil e Auxílio Gás. O relatório detalha erros de estornos, benefícios não sacados, autorizações de pagamento a famílias que não se enquadraram no perfil para receber o benefício e erros no cálculo de valores a pagar.

A CGU conclui, por fim, que os ministérios aprimorem os controles internos para correção das distorções identificadas.

Mais lidas

CPI da Braskem tem 35 dias para concluir investigação, que inclui visita aos bairros destruídos

Com o objetivo de investigar a responsabilidade jurídica e socioambiental da mineradora Braskem no

Sem declarar IR cidadão não pode sequer receber prêmio de loteria que, acumulada, hoje sorteia

O prazo para entrega da Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (DIRPF) em

Risco de morte após a febre chikungunya continua por até 84 dias, diz Fiocruz

Em meio à epidemia de dengue e ao aumento de casos por febre chikungunya, um

Saúde volta a alertar alagoanos sobre medidas de prevenção contra a dengue

A Secretaria de Estado de Alagoas (Sesau) volta a alertar a população alagoana sobre

PF indicia filho de Bolsonaro por falsidade ideológica e lavagem de dinheiro

A Polícia Federal em Brasília indiciou Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Bolsonaro, pelos

FAEC anuncia calendário anual de eventos esportivos para o público escolar

A Federação Alagoana de Esportes Colegiais (FAEC) anunciou o calendário anual de eventos para

Bar do Doquinha: o lar enluarado da boemia

Por Stanley de Carvalho* Há 60 anos, quando os portões de Brasília começaram a

Seduc anuncia processo seletivo para a Educação Especial

A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) divulgou no último dia 6, no Suplemento

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *