sábado 4 de maio de 2024

Como o plano de prevenção de recaídas ajuda no processo de tratamento de dependentes químicos

Adoção de estilo de vida saudável e retomada de projetos podem ser aliados do paciente
Reprodução

Ao lidar com a dependência química, é importante estar atento e ciente que durante o tratamento podem existir recaídas, independente do tipo de substância viciosa. Por isso, um plano de prevenção de recaídas é uma maneira de identificar e reduzir os riscos associados a essa situação, o que ajuda as pessoas a permanecerem em recuperação por períodos mais longos.

Ter um plano ajuda a reconhecer os próprios comportamentos pessoais que podem apontar para uma recaída no futuro. Ele também descreve maneiras de combater esses comportamentos e voltar aos trilhos.

O psicólogo Jefferson Goés, que atua com dependentes químicos em reabilitação na Clínica Árvore da Vida, conta que a prevenção é uma elaboração do que o paciente em tratamento consegue desenvolver dentro do seu quadro de habilidades sociais e familiar. “O plano é algo que o paciente consiga construir e produzir, fazendo com que ele dê continuidade a uma vida saudável, abstêmica e, principalmente, uma vida que não traga nenhum tipo de relacionamento ou situação que envolva aquilo que o levou a dependência química”, ressalta.

Na maioria das vezes, um plano de prevenção de recaídas é um planejamento criado pela equipe de tratamento e que pode ser compartilhado com grupos de apoio. O plano oferece um curso de ação para responder a gatilhos e desejos, já que a recaída geralmente não é um evento de momento.

“O plano é construído em uma base de uma condução do terapeuta fazendo com que haja uma construção. Pode ser a inclusão de frequência em um grupo de autoajuda por alguns dias da semana, importante para falar sobre aquilo que o levou à substância, mas também que o leva a ter pensamentos que trazem um resgate do uso da droga. Esse planejamento também promove saúde mental, atividades físicas e retomada de tudo aquilo que foi parado e interrompido com a droga como trabalho, projetos ou faculdade”, explica.

O terapeuta, no entanto, salienta que esse deve ser um processo que seja retomado aos poucos, incluído no dia do dependente para que ele tenha uma sequência de atividades laborais, físicas, psicoterapeutas e de auto responsabilidade.

A família também é um importante ponto nesse planejamento, podendo participar inclusive de sua elaboração. No entanto, o psicólogo Jefferson Goés destaca que haja uma naturalidade de readaptação e que não seja algo imposto. Podem existir duas situações envolvendo família nesse planejamento: aquela que desenvolve uma conduta opressora de conduzir o dependente ou de fazer com que ele não tenha espaço; e as que fazem com que o dependente tenha acesso a esses suportes de forma equilibrada e tranquila, dando a noção daquilo que é capaz a ele, do que ele pode fazer e dar continuidade.

“Os familiares acabam fazendo o papel do codependente que é fazer tudo pelo próprio paciente, não dando liberdade e nem acesso a ele. Isso ocorre porque a família ainda tem um receio de que ele possa recair e não se sente segura, então o controla. O espaço é importante para que seja visto ou percebido qualquer tipo de sinal que saia da conduta natural daquele dependente em tratamento. Qualquer descompromisso e ação duvidosa já traz algo para corresponder como ato de recaída”, acentua.

Normalmente as recaídas correspondem a um processo de três partes, incluindo a recaída emocional, recaída mental e recaída física. Com um plano de prevenção de recaídas, é possível reconhecer e agir sobre certos sentimentos e eventos, evitando uma recaída física, que é o estágio em que alguém volta ao uso de drogas ou álcool.

São diversos os sinais que podem ser percebidos em um dependente em recuperação que está prestes a viver uma recaída, ou já está vivendo. Entre eles a desonestidade, agressividade, euforia, desculpas e vitimismo. Além disso, é importante manter uma comunicação próxima da pessoa que está vivendo o processo de reabilitação para perceber as mudanças no comportamento e ser suporte no processo de tratamento.

O isolamento do paciente também pode ser apontado como prejudicial ao tratamento, já que a dependência vem associada de algumas comorbidades como ansiedade, síndrome de pânico, confusões mentais e depressão. Por conta dessas nuances, o psicólogo sugere que haja uma observação do histórico do dependente e qual quadro que a dependência causou nele, já que isso pode fazer com que algumas condutas como o isolamento faça com que ele retome uma patologia.

“O ideal é que ele faça algo simples e natural, mas que o traga a sensação de prazer e satisfação. Pode ser sozinho, mas se for acompanhado é melhor ainda para que ele possa ampliar a rede de conhecimento e troca de conduta com outras pessoas. O profissional vai poder fazer uma avaliação completa, encaminhar para grupos terapêuticos e promover uma atividade de vida saudável. Tudo isso dá ao dependente químico possibilidades de que ele consiga existir novamente para uma vida social saudável, sem haver nenhum tipo de recaída”, finaliza.

Fonte: Assessoria

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