terça-feira 7 de maio de 2024

Sem planejamento, Alagoas perde oportunidades de superar mazelas

Exemplo de como buscar o desenvolvimento por meio de ações planejadas foi dado na gestão de Muniz Falcão

29 de julho de 2023 8:45 por Geraldo de Majella

Muniz Falcão | Arquivo

O então governador Sebastião Marinho Muniz Falcão (1956-1961) é quem efetiva a ideia de planejamento no Estado. O Plano Diretor de Desenvolvimento Econômico de Alagoas é um documento futurista para um estado que não conhecia noções básicas de planejamento. O que se definiu como planejamento científico teve origem no governo Muniz Falcão.

Nacionalmente, o presidente Juscelino Kubitschek (1956-1969) elaborou o Plano de Metas, cujo objetivo era melhorar a infraestrutura brasileira. O Plano de Metas definiu os caminhos para o desenvolvimento com trinta objetivos, distribuídos em cinco eixos a serem trabalhados: energia, transporte, indústria, educação e alimentação.

Muniz Falcão procurou se cercar dos jovens intelectuais para desenvolver estratégias para o crescimento de Alagoas. Um deles foi o engenheiro civil e economista Beraldo Maia Gomes Rego (1924-2012), que logo incorporou outros intelectuais, jovens como ele, para pensar Alagoas.

A Alagoas que emergiu das discussões teóricas foi ganhando concretude, com o pensamento gestado por jovens intelectuais alagoanos e por experientes pensadores desenvolvimentistas nacionais como Ignácio Rangel, Rômulo de Almeida e Hélio Beltrão. Época em que o Brasil estava envolvido com a discussão do desenvolvimento, da modernização das relações sociais e da industrialização, bandeira do governo JK, que tinha, no economista Celso Furtado, idealizador da Sudene e o pensador das mudanças que iriam transformar a região Nordeste num polo regional de desenvolvimento.

A efervescência nacional e regional é um marcador importante e que traduziu-se, em 1959, no lançamento do Plano de Eletrificação de Alagoas, que impactaria positivamente o estado e os municípios com a construção de linhas de transmissão e subestações de distribuição de energia elétrica, a expansão do Porto de Maceió e a construção de novos e modernos depósitos de combustíveis líquidos que garantiriam o abastecimento estadual.

Beroaldo Maia Gomes | Arquivo

Em 1960, o governador Muniz Falcão faz o lançamento do Plano Diretor de Desenvolvimento Econômico de Alagoas, cuja coordenação geral é do economista Beroaldo Maia Gomes. Agricultura e pecuária contaram com apoio para desenvolver a diversificação da produção agrícola, incentivo às culturas do fumo milho, coco, arroz, palma forrageira, algodão, amendoim, mamona e algaroba.

Também houve a criação de uma rede de silos para regularizar o mercado de cereais e leguminosas, além do fomento da produção animal, a modernização das indústrias do açúcar e têxtil, apoio à indústria de laticínios, bem como à indústria da pesca e implantação de um moinho de trigo em Alagoas.

Esse conjunto de diretrizes estava interligado à criação da Secretaria da Educação e Cultura, que não existia, para intensificar a ampliação das matrículas no ensino primário nos municípios e na capital. A ideia era ampliar a rede estadual de ensino com a construção de escolas.

A principal meta do governo definida no plano era matricular as crianças no ensino primário, visto que era alarmante o analfabetismo no estado. A principal ação na área de cultura foi definida pela reconstrução do Teatro Deodoro e apoio genérico às atividades culturais.

O resultado do Plano Diretor de Desenvolvimento Econômico de Alagoas foi se materializando no governo Luiz Cavalcante, que sucedeu Falcão. Foram criadas as empresas públicas que impulsionaram o desenvolvimento das infraestruturas como a Companhia de Eletricidade de Alagoas (Ceal), a Companhia de Desenvolvimento de Alagoas (Codeal), Banco da Produção (Produban), bem como feitas melhorias nas rodovias.

Prédio do Produban em 1967 | Revista O Cruzeiro

O planejamento é fundamental na definição de decisões na administração pública e, também, na iniciativa privada estabelecendo estratégias tanto para disponibilizar recursos financeiros como de pessoas. Durante quatro décadas, foi possível ao Estado de Alagoas planejar e executar planos de desenvolvimento tendo como matriz o que foi pensado, posto em prática pelo governador Muniz Falcão e foi dado segmento com naturais aperfeiçoamentos dos governos que  vieram depois.

A ideia de planejamento em Alagoas – não me refiro à administração estadual, mas ao geral, incluindo os municípios – é uma quimera. Falar novamente em planejamento é um dever cívico dos que continuam pensando que o papel do Estado é inesgotável e intransferível no que tange às ações de segurança pública, educação, ciência e tecnologia, cultura, assistência social, assistência técnica a agricultura familiar, saúde, habitação, meio ambiente.

Mais lidas

Marielle: a quem se destina a terra?

29 de julho de 2023 8:45 por Geraldo de Majella Por Eliane Brum, do

Sem declarar IR cidadão não pode sequer receber prêmio de loteria que, acumulada, hoje sorteia

29 de julho de 2023 8:45 por Geraldo de Majella O prazo para entrega

Risco de morte após a febre chikungunya continua por até 84 dias, diz Fiocruz

29 de julho de 2023 8:45 por Geraldo de Majella Em meio à epidemia de

Saúde volta a alertar alagoanos sobre medidas de prevenção contra a dengue

29 de julho de 2023 8:45 por Geraldo de Majella A Secretaria de Estado

PF indicia filho de Bolsonaro por falsidade ideológica e lavagem de dinheiro

29 de julho de 2023 8:45 por Geraldo de Majella A Polícia Federal em

FAEC anuncia calendário anual de eventos esportivos para o público escolar

29 de julho de 2023 8:45 por Geraldo de Majella A Federação Alagoana de

Bar do Doquinha: o lar enluarado da boemia

29 de julho de 2023 8:45 por Geraldo de Majella Por Stanley de Carvalho*

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *