terça-feira 7 de maio de 2024

Fake news faz mal à vida, à democracia e à UFAL!

31 de julho de 2023 9:23 por Da Redação

 

Estamos mais uma vez vivenciando um período de consulta à comunidade universitária na UFAL, nos dias 01 e 02 de agosto, para decidir quem vai dirigi-la nos próximos 4 anos. Por isso, trago à tona um tema importante, o das fake news, que são notícias falsas e desinformações divulgadas nas redes sociais que causam inúmeras consequências sérias às pessoas, às instituições, à vida e à democracia. Quero dar visibilidade a esse tema porque considero que no ambiente universitário as fakes news não deveriam prosperar, pois foi modus operandi do anti-intelectualismo e da anticiência que caracterizou os governos obscurantistas no Brasil e mundo afora. A Universidade pública, em sua missão civilizatória, tem que ser refratária às fake news e se pautar na ciência e nos princípios éticos que esteiam a Administração Pública, pois as ondas de fake news sempre têm propósitos espúrios do submundo.

Na saúde, o negacionismo que guiou o governo de Bolsonaro no período crítico da pandemia, associado à propagação de fake news sobre a Covid e sobre a vacina, levou a milhares de mortes evitáveis. Os estudos do epidemiologista Pedro Hallal apontam que 400 mil vidas poderiam ser salvas se o governo federal se guiasse pela ciência. As fake news produzidas pelo movimento antivacina influenciou a queda da vacinação de adultos e crianças, colocando em risco a saúde e a vida da população, podendo trazer de volta doenças já extintas no Brasil, como a poliomielite, risco anunciado pela OMS e por pesquisadores da Fiocruz.

Na educação, quem não lembra das tentativas de desqualificação das Universidades públicas pelos “desministros” da educação do governo Bolsonaro por meios de fake news? Acusavam as Universidades como local de “balbúrdia”, de “plantações extensivas de maconha” e de produção de “droga sintética, metanfetamina” para justificar o desfinanciamento e a perseguição aos reitores e reitoras, ao pensamento crítico e aos pesquisadores e grupos de pesquisa. Principalmente, aos que desenvolviam estudos relacionados às opressões de classe, raça, gênero e sexualidade, demonstrando o caráter anticlasse trabalhadora, misógino, racista e lgbtfóbico instalado no país. Em 2017, o caso de perseguição e prisão do Reitor Luiz Carlos Cancellier foi o mais emblemático, levando-o a tirar a própria vida, e, tardiamente, sua inocência foi comprovada.

Não imaginávamos, contudo, que a fake news também frequentasse o ambiente universitário. Neste contexto, a reitoria que tomou posse na Ufal, em janeiro de 2016, e que assumiu o compromisso público de construir uma Ufal democrática, autônoma, crítica e socialmente referenciada, passa a ser atacada, sistematicamente, por uma onda de fake news por meio de um website denominado UFAL NEWS. Esse website se utilizou ilegalmente do nome, da marca e do símbolo da UFAL, dando a entender ao público em geral que se tratava de um canal de informação formal e oficial, mas na realidade veiculava publicações falsas, agressivas, difamatórias e anônimas sobre a gestão da Ufal e sobre os seus servidores, atingindo esta Autarquia e colocando-a em vulnerabilidade, inclusive impedindo a reitora e os servidores de exercerem seu direito de resposta e de contraditório em razão da prática de anonimato das publicações. Tais fatos foram constatados quando eu, Valéria Correia, ocupava a Reitoria dessa Universidade, tendo sido, naquela ocasião, tomadas todas as medidas administrativas para paralisar as publicações, identificar os infratores e obter suas responsabilizações. Fizemos isso com base no comando do art. 6º da Lei n.º 7.347/1985 e do art. 2º, XI, da Lei n.º 8.027/1990 – os quais impõem ao servidor público o dever institucional de informar e denunciar aos órgãos públicos a ocorrência de qualquer ilícito contra os interesses da Administração Pública.

O cumprimento de nosso dever legal se materializou em atos e procedimentos administrativos como a Instauração de Procedimento Administrativo pela Corregedoria da UFAL para apuração da utilização indevida do signo e do nome da Autarquia Federal; e comunicação à Superintendência da Polícia Federal em Alagoas da ocorrência dos ilícitos e solicitação de instauração de Inquérito Policial para apuração da materialidade e da autoria dos delitos. A apuração do caso resultou na identificação do autor das fakes news.

O referido autor foi interrogado no dia 30/12/2019 pelo Delegado Federal e, no seu “TERMO DE DECLARAÇÕES”, afirmou: “QUE foi o responsável pela criação do site https://ufal.news e pelo perfil do facebook como www.facebook.com/ufalnews e pelo perfil do Instagram identificado “ufalnews”; QUE também foi o responsável por escrever todas as notícias veiculadas nesta página eletrônica e no perfil já citado […]”.

Causa espanto que o autor confesso das fake news propagadas contra a reitoria da UFAL e seus servidores, à época, tenha participado ativamente da campanha da oposição e, em seguida, tenha assumido um cargo de alto escalão na reitoria que tomou posse em janeiro de 2020: a direção do Departamento de Administração de Pessoal (DAP) da UFAL e, até o momento, continua neste cargo. Alguns questionamentos seguem em aberto: como o autor confesso das fake news ainda ocupa esse cargo? Por que o canal de propagação das fake news parou de funcionar logo após as eleições para a reitoria, no segundo semestre de 2019?

Finalizo lembrando que, na política, Bolsonaro venceu as eleições, em 2018, disseminando uma onda de fake news contra a esquerda e o PT. Prática da extrema direita, que tinha Steve Bennon como um dos organizadores de ondas semelhantes, influenciando nos resultados das eleições em alguns países. Nas eleições de 2022, a estratégia da extrema direita prossegue com as fake news, entretanto, em 2023, a campanha de Bolsonaro foi multada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por veicular notícias falsas sobre Lula. O ataque do ex-presidente à credibilidade do sistema eleitoral, sem provas, resultou na sua inelegibilidade durante 8 anos, por abuso de poder político. Assim, pelos fatos descritos, em períodos eleitorais, temos que estar atentos e atentas aos prejuízos realizados pelas fake news, mesmo no ambiente Universitário.

Valéria Correia, ex-reitora da UFAL (janeiro de 2016 a janeiro de 2020) e Profa. Drª desta instituição.

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2 Comentários

  • A era dos absurdos! Como pode na ambiência universitária uma pessoa com credenciais desse tipo assumir uma posição que lida com a vida de servidores que ele mesmo desqualificou e difamou. E aí reitor e reitoria da UFAL NEWS, vamos ser coniventes e complacentes com tamanho absurdos até quando???

  • Fico muito triste e indignada de ver que num ambiente que deveria dar exemplo de ética como numa universidade se comete delito e ainda tem gente que recebe bônus por eles. Todo meu repúdio. Olhos abertos hein!

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