segunda-feira 29 de abril de 2024

Zélia Duncan e Ana Costa cantam em disco mulheres ‘apagadas’ da história

Álbum que será lançado em 7 de setembro conta a trajetória de sete personagens envolvidas na luta pela independência
Ana e Zélia, inspiradas pela pesquisa sobre mulheres praticamente esquecidas na história do Brasil, compuseram sete canções

Por Redação RBA

Levada por Zélia Duncan a Ouro Preto, uma das cidades históricas de Minas Gerais, a cantora e compositora Ana Costa foi apresentada à historiadora Heloisa Starling, organizadora do livro Independência do Brasil – As mulheres que estavam lá (Bazar do Tempo, 2022). E logo conheceu Hipólita Jacinta, “a primeira mulher inconfidente que agora faz parte do Panteão da Conjuração Mineira”. A fazendeira Hipólita Jacinta Teixeira de Melo foi a primeira mulher a ganhar lápide no local.

“Os gregos falam que o esquecimento é pior que a morte. Ela sofreu talvez a repressão mais violenta, o protagonismo dela foi apagado. A luta mais difícil das mulheres é a luta política, até hoje, e ela fez isso no século 18. É claro que isso não aconteceu por acaso”, afirmou Heloisa ao portal g1 Minas. O livro traz perfis das sete personagens, cada um escrito por uma autora.

Sem registro

Zélia Duncan havia conhecido a pesquisadora e professora durante seminário no Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021. A Corte tinha outra interessada em Hipólita: a ministra Cármen Lúcia, que nos tempos de procuradora em Minas pesquisou a respeito da personagem, que de tão apagada dos registros históricos não tinha uma imagem sequer. Nem se sabe dos restos mortais.

Assim, Zélia convidou Ana para musicar letra que ela havia feito especialmente para Hipólita. A canção foi apresentada em evento no Museu da Inconfidência. E foi nascendo o álbum Sete mulheres pela Independência do Brasil, gravado entre maio e junho e com lançamento previsto justamente para 7 de setembro.

O livro e o disco: registro histórico de personagens femininas (Fotos: reprodução)

Resgate e coragem

São as histórias, contadas no livro, de sete mulheres excluídas da narrativa oficial brasileira. Além de Hipólita, a pernambucana Bárbara de Alencar, Urânia Vanério de Argollo Ferrão, a Baianinha, as baianas Maria Felipa de Oliveira e Maria Quitéria de Jesus, Maria Leopoldina (a imperatriz Leopoldina, da Áustria) e a alagoana Ana Maria José de Lins. Presentes em rebeliões ou lutas pela Independência (Confira abaixo um pouco sobre cada uma).

Todas as faixas são de Ana (música) e Zélia (letra) – Quitéria tem autoria também de Bia Paes Leme, arranjadora e integrante da banda de Chico Buarque. Além disso, todas as instrumentistas são mulheres. “Esperamos que as pessoas ouçam com o sentimento com que gravamos: uma emoção de resgate, de corrente feminina, uma ajudando a outra e assim, revelando essas mulheres que tiveram a coragem ignorada pela história oficial”, diz Zélia Duncan ao blog do jornalista e crítico Mauro Ferreira.

As mulheres da história

  • Ana Maria José Lins (1764-1839), mais conhecida como Ana Lins, dona de engenhos de açúcar em Alagoas, engajada na luta pela Independência
  • Bárbara de Alencar (1760-1832), nascida no sertão de Pernambuco, defendeu os ideias republicanos. Apontada como a primeira presa política brasileira
  • Hipólita Jacinta Teixeira de Melo (1748-1828), fazendeira, única mulher a participar do movimento da Inconfidência, em Minas Gerais
  • Imperatriz Leopoldina (1797-1826), exerceu influência sobre o marido, Dom Pedro I, no movimento pela Independência
  • Maria Felipa de Oliveira (?-1873), pescadora e comerciante negra da ilha de Itaparica (BA), participou da expulsão da esquadra portuguesa
  • Maria Quitéria de Jesus (1792-1853), se disfarçou de homem para se alistar no Exército. Assim, foi a primeira mulher nas Forças Armadas
  • Urânia Valério (1811-1849), baiana de origem portuguesa, aos 10 anos já publicava panfletos sobre a Independência

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