segunda-feira 6 de maio de 2024

Crime socioambiental da Braskem repercute no Congresso Nacional

Uma das 35 minas da empresa, localizadas em área urbana para extração de sal-gema, está sob risco de desabar a qualquer momento no bairro de Mutange
Bairro do Mutange na capital alagoana (Foto: Reprodução/Braskem)

Por Iram Alfaia, do portal Vermelho

O ministro dos Transportes, Renan Filho, disse que a empresa Braskem deve ser responsabilizada criminalmente pelo iminente afundamento do solo em Maceió, capital de Alagoas.

Uma das 35 minas da empresa, localizadas em área urbana para extração de sal-gema, está sob risco de desabar a qualquer momento.

A mina está cedendo a uma velocidade de 62 centímetros por dia e já atingiu 1,87m. A Defesa Civil Estadual diz que há o temor de que se abra uma cratera de 152 metros no bairro de Mutange e que provoque severos danos ambientais na Lagoa Mundaú.

Os primeiros problemas de rachaduras em casas e ruas surgiram em 2018 quando mais de 14 mil imóveis foram desocupados em 5 bairros da cidade, afetando 55 mil pessoas.

“O governo federal enxerga que a gente tem que ter união de esforços para trabalhar pela solução. Agora quem deve pagar o dano é a Braskem, ninguém deve terceirizar essa responsabilidade nem para o governo federal, nem para o governo do Estado, nem para a prefeitura”, disse o ministro.

Ele lembrou que quando foi governador de Alagoas rejeitou um acordo pecuniário com a Braskem para receber dinheiro, porque ninguém nem sabe o tamanho do dano.

“Agora a Prefeitura de Maceió fez um acordo com a Braskem, recebeu aí R$ 1,7 bilhão e certamente está numa situação difícil, porque a capital está aterrorizada nesse momento sem saber direito o que vai acontecer”, criticou o ministro, que está na cidade na condição de representante do governo federal.

Para o ministro, a empresa multinacional é a causadora do dano ambiental e precisa ser responsabilizada. “A Braskem precisa ser responsabilizada civil e criminalmente pelo crime ambiental cometido em Maceió, garantindo a reparação aos danos materiais e ambientais causados aos maceioenses”, cobrou.

Slide 1
Slide 2

Com a CPI do Senado para investigar o caso, o ministro afirmou que a empresa se antecipou e negou responsabilidade, mas depois, com os trabalhos técnicos encaminhados pelo governo federal, foi demonstrado que as minas eram responsáveis pelos abalos na superfície do solo.

“Então eu acho que a gente tem que cobrar responsabilização a quem cometeu o crime ambiental, isso é um crime ambiental que forçou 40 mil pessoas a deixarem a sua residência. Então agora, transferir isso para o governo federal certamente é um caminho equivocado”, afirmou.

Repercussão

No Congresso, a reação foi imediata. A líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (RJ), diz que uma parte de Maceió está prestes a afundar a qualquer momento.

“Enquanto isso, a empresa culpada por essa tragédia está na COP-28 divulgando seus ‘feitos sustentáveis’. Vergonha! Qual o limite do lucro e da responsabilidade com a vida humana? A punição dos responsáveis por esse crime ambiental e social é necessária e urgente. Toda nossa solidariedade ao povo maceioense, vítima da ganância da empresa Braskem”, protestou a líder.

Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) esse pode ser considerado o pior desastre em área urbana em curso no mundo.

“A imprudência e irresponsabilidade da empresa precisam de punições severas do governo federal e da Justiça brasileira, pela reparação com o povo e memória da cidade. Todo nosso apoio e força aos moradores atingidos”, afirmou a deputada.

“Desastre ambiental e social em Maceió foi promovido pela ganância da Braskem, que devastou comunidades inteiras. A exploração de sal-gema no município resultou no afundamento do solo!”, reagiu a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP).

O deputado Túlio Gadelha (PDT-PE) questionou até onde a ganância levará a humanidade. “O que está acontecendo em Maceió não é ‘fim dos tempos’, é a pura consequência da negligência e do descaso com o povo e o meio ambiente. Uma mina da Braskem pode colapsar, colocando em risco vidas, famílias, histórias”, condenou.

Mais lidas

CPI da Braskem tem 35 dias para concluir investigação, que inclui visita aos bairros destruídos

Com o objetivo de investigar a responsabilidade jurídica e socioambiental da mineradora Braskem no

Sem declarar IR cidadão não pode sequer receber prêmio de loteria que, acumulada, hoje sorteia

O prazo para entrega da Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (DIRPF) em

Risco de morte após a febre chikungunya continua por até 84 dias, diz Fiocruz

Em meio à epidemia de dengue e ao aumento de casos por febre chikungunya, um

Saúde volta a alertar alagoanos sobre medidas de prevenção contra a dengue

A Secretaria de Estado de Alagoas (Sesau) volta a alertar a população alagoana sobre

PF indicia filho de Bolsonaro por falsidade ideológica e lavagem de dinheiro

A Polícia Federal em Brasília indiciou Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Bolsonaro, pelos

FAEC anuncia calendário anual de eventos esportivos para o público escolar

A Federação Alagoana de Esportes Colegiais (FAEC) anunciou o calendário anual de eventos para

Bar do Doquinha: o lar enluarado da boemia

Por Stanley de Carvalho* Há 60 anos, quando os portões de Brasília começaram a

Seduc anuncia processo seletivo para a Educação Especial

A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) divulgou no último dia 6, no Suplemento

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *