O que você faria se ganhasse na Mega-Sena? “Olhe, eu iria ajudar um monte de abrigos”. Essa é a resposta de Maria do Socorro quando questionada, por qualquer pessoa, como usaria o prêmio se ganhasse uma grande quantia nas Loterias.
Sua história com idosos vem da relação afetiva com sua avó materna. Desde os 11 anos, quando ainda morava em Petrolina (PE), Socorro visitou um abrigo de idosos perto de sua casa sem a mãe saber. Mas esse amor se intensificou quando conheceu Antônia Estrela, idosa de 86 anos que vivia em um abrigo localizado no bairro de Sussuarana, no centro da península soteropolitana.
Era dezembro de 2014, quando Socorro fez uma campanha nas redes sociais para arrecadar leite e fraldas para o local. Como seria seu aniversário em janeiro, pediu esses donativos como presente. Quando foi entregar as arrecadações, conheci alguns idosos carentes ou abandonados.
Com a idosa Antônia Estrela a ligação foi tão intensa que formou uma família. Antônia, que nunca teve ninguém, ganhou uma filha. Socorro a visitar todos os finais de semana, comemorava aniversários, levava a segunda mãe para passeios. Relembra com emoção, entre lágrimas, esses momentos. “As visitas eram de muita felicidade que não dá nem para explicar”.
De lá para cá, Socorro se tornou voluntário no abrigo. Dona Antônia já faleceu, mas ela continua a visitar e a arrecadar donativos para outros idosos. “Nos abrigos têm idosos que os familiares descartaram como coisas que estão incomodando em casa. É uma realidade muito triste. Eles precisam de tudo. A necessidade é todo dia”.
Sobre como seria ganhar na Mega da Virada, ela diz que desde pequena sonhava em construir casas para pessoas sem teto. “Eu sonhava que, no dia em que eu ganhasse um prêmio assim, eu iria construir um monte de quitinetes para tirar as pessoas da rua e fazer iniciativas para eles se manterem, fazer plantação, padaria, fábricas disso ou daquelas, como cooperativas”.
Mas, depois de entender o funcionamento dos abrigos, viu que na prática, ajudaria muito mais se contribuísse com os abrigos já existentes. “Ao preferir abrir uma instituição, eu iria reforçar o que já existe, o que está perto de mim e o que chega até a mim pelas redes sociais”. Ainda diz que não se importaria em dividir o prêmio, “quero que muitas pessoas que têm outros projetos de ajuda humanitária também ganharam”.
Socorro fala com verdade que o bem existe em grande quantidade, mas que não é divulgado. “Quando você expõe a caridade parece que é porque você quer aparecer. O meu projeto de vida com ou sem Mega-Sena é ajudar o próximo, inspirar os outros, porque para mim é tão natural. Eu não deixo de fazer nada na minha vida por visitar os idosos. Acho que todo mundo deveria fazer um pouco”, finaliza.
Fonte: Assessoria