Segunda-feira (8), foi dia de lembrar o primeiro ano do Dia da Infâmia.
Tenho achado que o mundo virou de cabeça pra baixo, apesar de não ser plano.
Um ano depois daquele domingo infame ainda há quem tente justificar a barbárie dizendo serem aqueles criminosos “esquerdistas infiltrados”.
Como se essa narrativa não fosse suficientemente bizarra, tem também quem pergunte “e tentativa é crime? ”
Pois bem, eu acho isso tudo uma distopia, primeiro, se é a “esquerda” a responsável pela bagunça, por que a direita pede anistia? Que sejam presos todos os envolvidos.
Segundo, se não há crime porque não houve a concretização de golpe, e eu pergunto, uma tentativa de assalto a banco que não resulta em sucesso, pode ser perdoada?
Coerência não parece ser o forte do debate…
Ainda que tenha havido um arrefecimento do espírito golpista dada a rapidez da resposta institucional, não percebo que tenha havido um “mea culpa” daqueles que embarcaram na trensloucada viagem da extrema direita e isso por si só já nos mantém em risco.
Por quanto tempo nós e o mundo ainda vamos precisar “remar” contra esse mar de lama?
Parece ser da natureza humana a atração pelas “sensacionalidades”, quais sejam, aquelas mentiras, criadas cuidadosamente para dar voz ao lado mais obscuro dos medos imaginários, colocando-os sob holofote para atrair atenção.
Por mais que o governo se empenhe em divulgar os fatos, informando com base na verdade, não parece ser suficiente para reduzir os impactos das mentiras selecionadas e compartilhadas para manter vivo o clima de “terror” necessário para germinar ideias extremistas.
O que chama mais a atenção numa postagem que só lemos a primeira frase? Vacina mata, ou vacinação em massa possibilitou o retorno a vida normal?
Explicações para fatos complexos não podem ser resumidas em duas palavras e na falta de vontade e disposição de ler um pouco mais, passou a ser prática corriqueira a “informação”, ou melhor, a desinformação da rede social.
Passado um ano daquela fatídica data temos o seguinte saldo: a preservação da democracia, “meia dúzia” de baderneiros indiciados, militares e patrocinadores sem punição e a possibilidade de ter descoberto quem é quem “na fila do pão”.
Para que não haja dúvidas, tentativa de golpe é crime e como tal deve ser tratado.
De resto temos o seguinte: o comunismo não foi instalado, as igrejas não foram fechadas, não há ideologia de gêneros na escola, o mundo segue girando e a surpresa fica por conta de ainda haver quem defenda a mentira como liberdade de expressão, acredite ser um marginal o mito e o “salve-se quem puder” como modelo ideal de sociedade.
Haja luz para tanta escuridão, afinal a democracia é forte, mas precisa se alicerçar na justiça na bondade e não no ódio.
1 Comentário
Kátia,bela análise, momento muito ruim,precisamos continuarmos atentos, “a cadela do fascismo continua no cio” (Brecht).