1 de outubro de 2021 8:29 por Mácleim Carneiro
Como quem sabe o que escreve, ou não, sou eu mesmo, então, resolvi trazer uma questão que acho interessante. Certa vez, em um artigo, teci comentários sobre a minha percepção do tempo e de como, embora útil, fracioná-lo foi uma grande mancada da humanidade. Pois bem, quando eu ainda lia a única coisa que me parecia restar de boa na revista Veja, os artigos do Roberto Pompeu de Toledo, no artigo ‘Alívio! Nunca Mais Nunca Antes’, da edição 22199 – daquela que já disseram ser a maior revista americana escrita em português –, percebi uma sintonia com o que eu havia escrito no referido artigo. Sobretudo, quando ele escreveu que “o ano novo é, e sempre foi, uma fraude. Nenhuma trama se fechou.” Acho bacana quando descubro o pensamento de alguém, cuja obra admiro e respeito, em consonância com o meu ponto de vista. Além disso, mostra que as ideias estão soltas no universo, captá-las independe de fronteiras, sejam quais forem.
O artigo do Pompeu de Toledo também continha uma teoria interessante e, bem a propósito, deságua nesse escrito que pretende tagarelar sobre a viagem que foi mais um réveillon que passei na Chapada da Diamantina, e já nem lembro mais em que ano. Pois bem, lá no escrito do Pompeu, ele afirma que não há história acabada e que a literatura começa com relatos de viagens. Principalmente, quando cita trechos do romance ‘Doutor Pasavento’, do catalão Enrique Vila-Matas. O personagem, Doutor Pasavento, esclarece que na antiguidade “não se sabia ainda o que era contar uma história, mas se sabia perfeitamente o que era uma viagem. Se havia uma coisa que tinha um começo e um fim, essa coisa era uma viagem.” Portanto, como pontuou Pompeu de Toledo, temos a Odisseia, de Homero, que conta a atormentada viagem de Ulisses de volta para casa. De volta ao personagem, ele acrescenta: “as viagens tinham um começo e um fim. Isso punha uma ordem nas coisas se a gente quisesse contar uma história e demarcá-la de forma que começasse e terminasse.”
Força Vital
Posto este pródomo, devo dizer que sou incapaz de ousar definir, descrever, conceituar ou adjetivar a Chapada da Diamantina. Simplesmente, porque tamanha exuberância e força vital me colocam de cara com a perspectiva da minha insignificância planetária e, ao mesmo tempo, o quanto de significativo contém a insignificância. Portanto, acontecimentos e fatos, extra chapada, serão sempre mais pertinentes ao relato dessa viagem, cuja narrativa seria interminável, mesmo levando-se em conta que uma viagem tem começo e fim. Sendo assim, serei lacônico e ater-me-ei à essência de mais um belo réveillon na Chapada. E nada mais apropriado do que o aforismo do grande guru Pezão – ou grande Pezão guru, a ordem não altera o ‘teor’ –, como síntese da viagem: ” O homem que não bebe é um homem desidratado!” Então, pausa para mais um gole!
No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!!