10 de julho de 2020 8:20 por Redação
Nivaldo Mota*
Sobre o futebol alagoano, a discrepância entre CSA e CRB em relação aos outros clubes que disputam o nosso campeonato é algo gritante e, proporcionalmente, igual ao que acontece no âmbito nacional em relação ao Flamengo, Palmeiras, Grêmio e outros similares.
O torcedor deve ficar atento. A tal da elitização do futebol vem criando, no Brasil, distorções nunca vistas. Se, antes, tínhamos campeonatos competitivos com inúmeros clubes brigando pelo título de campeão, não importando se fosse um campeonato estadual ou Brasileirão, hoje temos dois ou, no máximo, três clubes brigando realmente pelo título.
Não é um fenômeno novo, mas vem aprofundando ano após ano, com o poder do mercado e de seus empresários poderosos ditando as regras do futebol brasileiro. Impressiona isso, a bem pouco o nosso campeonato estadual, a disputa envolvia os dois tradicionais, mas também o ASA, Coruripe, Murici e o extinto Corinthians Alagoano.
De uns tempos para cá, somente CRB e CSA entram para ganhar e, verdadeiramente, disputam o campeonato. Salvo uma zebra histórica, este ano vamos ter mais uma repetição com mais uma decisão entre os dois rivais de Maceió.
O torcedor não se dá conta, mas a elitização chegou por aqui também, as folhas salariais de CSA e CRB são absurdamente maiores do que as de todos os outros competidores juntos. Quem assistiu ontem (12) ao jogo CRB 4 X 0 ASA viu disparidade nua e crua, não tem como competir!
Não estou dizendo, com isso, que os times abdiquem da competição. Longe disso, mas serve como exemplo e para onde estão levando o futebol nacional. Se aqui em Alagoas temos tão flagrante distorção, nacionalmente a coisa é mais feia ainda, vide exemplo do Flamengo na atualidade. Não tem competidor para ele, quer dizer, o Rubro-Negro só perde para ele mesmo, isso é uma chatice, teremos campeonatos cada vez mais distorcidos, quando um time sozinho dispara e os outros vão brigar apenas por uma vaga em competições internacionais.
Estamos levando o futebol brasileiro a ser bem parecido com os campeonatos tipo espanhol, inglês, italiano, com um dois times brigando por título e só! Com uma diferença espetacular neste caso, estes países citados não cabem dentro do nosso país!
Peguemos outro exemplo: nas décadas de 1970 e 1980, no Brasil como um todo, sem exageros do blogueiro, tinham pelo menos uns quinze clubes em condições de brigar por títulos a nível nacional. Hoje, reduziram a um ou no máximo dois clubes. É ou não é distorção, repito, pelos efeitos do mercado e da elitização do nosso futebol?
*É historiador e professor
Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.