22 de janeiro de 2024 10:06 por Geraldo de Majella
Para quem não é iniciado na militância político-partidária, no primeiro momento e sem informações detalhadas, não compreenderá a dinâmica interna do PT. O funcionamento do partido é estabelecido do equilíbrio entre as tendências internas que são grupos organizados com direções e dinâmicas próprias.
Dito dessa maneira, pode ser entendido como micropartidos albergados no interior da sigla que pode ser comparada a uma incubadora. Os estatutos disciplinam a vida interna. A tendência Construindo um Novo Brasil (CNB) é a maior, mas, para se manter no comando do partido, celebra alianças internas com outras tendências. Espero ter sido claro para o leitor compreender como funciona o PT.
Essa engrenagem é uma obra fabulosa de como um partido político disputa o poder interno e, nas questões gerais, constrói o que se convenciona chamar de unidade na ação. É bem verdade que há uma liderança que unifica a linha política, o presidente Lula.
Dito isto, em Alagoas, a Construindo um Novo Brasil (CNB), comandada pelo deputado federal Paulão, acompanha essa tendência em nível nacional.
O deputado estadual Ronaldo Medeiros, recentemente, se “filiou” à Resistência Socialista. Medeiros arregimentou militantes que se deslocaram de vários grupos, inclusive, da CNB. Foi instalado, oficialmente, um novo polo de disputa que está se estruturando para disputar o poder interno no âmbito estadual.
Luta interna e falta de coragem política
O eleitor que votou nos candidatos apresentados pelo PT quer o partido na oposição à extrema-direita e à direita em Maceió. A esperteza eleitoral que pode ser chamada de pragmatismo é a erva daninha que vem corroendo o PT em Alagoas.
O que pensam os petistas – os dirigentes que se consideram articuladores – sobre a cidade de Maceió, além do lugar comum? Há uma massa crítica próxima ao PT, mas que não é filiada, são eleitores determinados a debater, articular e formular políticas para a cidade como um bem coletivo.
O fosso entre o PT e a sociedade vem sendo cavado faz tempo e é anterior às contendas internas mais recentes.
Ronaldo Medeiros não é reconhecido como líder de esquerda no PT e nem é considerado pela sociedade como um defensor das causas históricas da esquerda alagoana, pontualmente, fala sobre uma ou outra. Não quero dizer que seja demérito, isso é apenas uma constatação.
Medeiros é, na Assembleia Legislativa de Alagoas, um parlamentar filiado ao PT, mas que já foi do MDB. O retorno ao PT se deve ao cálculo eleitoral, o famigerado pragmatismo foi quem redefiniu a sua trajetória parlamentar. Ele venceu as eleições e vem tratando diuturnamente de conservar e, na medida do possível, ampliar as suas bases eleitorais no interior de Alagoas.
Não mantém relação e nunca procurou se inserir na vida da cidade e, menos ainda, estudar soluções para os graves problemas de Maceió. Os mais visíveis são os crimes praticados pela Braskem e as terríveis desigualdades sociais existentes e ampliadas nos últimos anos.
Indefinição eleitoral
O presidente do PT em Alagoas, Ricardo Barbosa, enviou uma nota de esclarecimento ao jornalista Voney Malta, reveladora da situação:
“Longe, mas muito longe do que o Deputado Ronaldo Medeiros afirma, foi ele próprio que, unilateralmente, como é de seu costume, se ofereceu para representar o PT na chapa majoritária nas eleições municipais deste ano, logo após o anúncio do Deputado Federal Paulão de que não desejava concorrer em anteditas eleições”.
Essa informação é tão grave quanto desistir da candidatura que não existiu formalmente. A improvisação de candidaturas só é possível porque o PT nunca elaborou estratégia eleitoral para disputar a Prefeitura de Maceió.
O eleitor e a militância petista, a não filiada que defende e carrega as bandeiras, vêm sendo empanados em detrimento das disputas internas que têm consumido energias e aumentado a taxa de ódio entre os contendores.
O silêncio diante do avanço da extrema-direita em Maceió não pode ser imputado a Ronaldo Medeiros, não é correto, o PT não sabe e ou falta coragem política para enfrentar os abutres da extrema-direita na capital alagoana.
Quem será o candidato petista a prefeito de Maceió?