20 de março de 2024 1:42 por Da Redação
Por Abel Galindo Marques*
Um dos líderes da MUVB (Movimento Unificado das Vítimas da Braskem), Mauricio Sarmento, que estava presente na sessão da CPI, na quarta-feira dia 13/03/2024, afirma e detalha que o Sr. Abelardo Nobre, coordenador da Defesa Civil de Maceió mentiu para os senhores da CPI, mais precisamente para o relator Senador Rogério Carvalho.
O senhor relator Rogério Carvalho disse que eu tinha dito que o raio de influência da área afetada de uma mina de sal era igual a profundidade da mina, que no caso de Maceió, é 1000 metros aproximadamente. Então o senhor Abelardo disse que não era bem assim e falou umas bobagens, demonstrando falta de conhecimentos técnicos.
A figura 1 mostra o mapa de feições elaborado pela CPRM em 2019 no qual se vê as minas e as rachaduras (tracinhos pretos) na superfície e edificações no bairro do Pinheiro. A linha tracejada, vermelha, delimita a área afetada. Da mina 10 (que se encontra praticamente no centro da área da mineração) até a linha vermelha que demarca a área afetada, a distância é 1.120 metros. Da mina 31, que está mais próximo das edificações do bairro do Pinheiro, a distância é de 900 metros. Se fizermos a média, teremos 1010 metros, ou 1000 metros. Essas minas estão na profundidade de 1000 metros, aproximadamente. Somente pessoas levianas aceitam o que está na literatura técnica e científica, mundial, sem antes verificar no campo essas informações.
Quanto a área da cratera formada na superfície, devido ao dolinamento, de uma mina, o seu raio de segurança, pode ser obtido pela fórmula alemã:
????=1,5×√????3
Onde: V é o Volume da mina.
Fazendo-se um cálculo aproximado para o caso da mina 18, obtêm-se um raio de segurança de 100 metros. Tem-se assim uma área com diâmetro de 200 metros. Por falar em mina 18, nunca se viu tanta incompetência e falta de conhecimento sobre dolinas (sinkholes).
Tem várias entrevistas minhas onde afirmei com antecedência que a cratera que iria se formar teria um raio de uns 80 metros e profundidade entre 8 a 15 metros. Como se viu a área que afundou tem um raio de no máximo 100 metros (diâmetro de uns 200 metros).
O grande absurdo foi a retirada de pessoas às pressas que estavam residindo nos bairros vizinhos, em áreas seguras, em relação a mina 18. Um exemplo estarrecedor, foi a retirada do Sr. Cássio Araújo que estava residindo na antiga rua Belo Horizonte, número 1.141. A distância dessa residência até a mina 18 são 1250 metros (veja a figura 2). A área que iria afundar só teria um raio máximo de apenas 100 metros e localizava-se as margens da Lagoa Mundaú. Isso foi um absurdo comandado pelo Sr. Abelardo Nobre. Nesse evento da mina 18, aconteceram muitos casos semelhantes de retirados de pessoas que moravam a mais de 500 metros da mina 18.
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E o “mico” que Maceió passou perante todo Brasil, onde o noticiário era que Maceió estava afundando por causa da mina 18? As pessoas ficaram apavoradas porque não sabiam que uma mina quando sobe até a superfície, ela vai subindo e vai se auto aterrando. É por isso a profundidade da área que afundou da mina 18, tem apenas 10 metros de profundidade, aproximadamente.
E as milhares de edificações que estão rachados por causa dessa mineração criminosa e que, de forma absurda e não justificável, não foram indenizadas? Como pequeno exemplo a figura 3 mostra edificações rachadas (pequenos triângulos) que não foram indenizadas. As casas do Flexal de cima e as do Flexal de Baixo, estão rachadas porque foram tracionadas pelo afundamento das minas. Essa história que elas foram mal construídas, não é verdade. E os senhores sabem que sei profundamente sobre essa questão. Por que o senhor e sua turma insistem em não fazer justiça com as pessoas estupidamente prejudicadas por essa mineração criminosa?
É professor, engenheiro civil formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal)